
Se você pudesse fazer algo simples hoje para cuidar do seu futuro, o que faria? O câncer de mama é uma das doenças que mais afetam mulheres no Brasil e no mundo, mas também é uma das que mais respondem ao diagnóstico precoce. Quando descoberto cedo, as chances de tratamento bem-sucedido chegam a níveis altíssimos, o que mostra o poder que a informação tem de salvar vidas.
É por isso que o Outubro Rosa existe: para lembrar que a prevenção não é apenas um cuidado com o corpo, é também um gesto de amor — por você e por quem está ao seu lado. Não se trata de viver com medo, mas de assumir o controle da própria saúde com atitudes simples, como conhecer melhor o corpo, prestar atenção a sinais de alerta e manter os exames de rotina em dia.
Neste artigo, você vai entender como surgiu o Outubro Rosa, os fatores de risco do câncer de mama, como realizar o autoexame como forma de autoconhecimento, a importância da mamografia e o que pode ser feito no dia a dia para reduzir os riscos.
O que é o Outubro Rosa e como surgiu
O Outubro Rosa é um movimento internacional de conscientização sobre o câncer de mama. Ele nasceu no início dos anos 1990, quando o laço cor-de-rosa vira símbolo durante a primeira Corrida pela Cura em Nova York, organizada pela Fundação Susan G. Komen. Desde então, a fita rosa passou a representar apoio, informação e diagnóstico precoce em vários países.
No Brasil, a campanha ganhou força nos anos 2000 e se espalhou por várias cidades. Uma das primeiras ações marcantes foi a iluminação do Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, em 2002, seguida por outras mobilizações e monumentos iluminados. O objetivo permanece o mesmo: ampliar informação, facilitar acesso a diagnóstico e reduzir a mortalidade por câncer de mama.
O que é o câncer de mama?
O câncer de mama acontece quando células da mama passam por alterações e crescem de forma desordenada, formando um tumor. Esse tumor pode invadir tecidos próximos e, sem tratamento, alcançar outras partes do corpo. Identificado no início, o tratamento tende a ser menos intenso e com taxas altas de sucesso.
Também é importante diferenciar alterações benignas das malignas. Existem nódulos e cistos que não são câncer. Só exame adequado — mamografia, ultrassom, ressonância e, quando necessário, biópsia — confirma o diagnóstico. Sinais como caroço persistente, mudança no formato da mama, secreção pelo mamilo ou pele com aspecto de “casca de laranja” merecem avaliação médica.
Fatores de risco
Alguns fatores não mudam, como idade, história familiar e certas alterações genéticas. Menarca precoce e menopausa tardia também entram na lista. Esses pontos ajudam o médico a personalizar o rastreamento e a vigilância.
Outros fatores dependem do estilo de vida. Excesso de peso, consumo de álcool e falta de atividade física aumentam o risco. A boa notícia é que pequenas escolhas somadas no dia a dia — prato mais colorido, corpo mais ativo, menos bebida alcoólica — já reduzem a probabilidade de adoecimento ao longo dos anos.
Sinais de alerta
Fique atenta a alterações como caroço na mama ou axila, secreção espontânea pelo mamilo, retração do mamilo, pele avermelhada ou com textura diferente e mudanças no tamanho ou no formato das mamas. Dor pode existir, mas não é o sinal mais comum.
Percebeu algo fora do seu padrão? Procure o serviço de saúde e registre quando notou a mudança. Levar essa informação para a consulta acelera a investigação e ajuda o profissional a decidir os próximos passos.
Homens também podem ter câncer de mama?
O câncer de mama é muito mais comum entre mulheres, mas também pode atingir homens. Isso acontece porque eles também possuem glândulas mamárias e produzem hormônios femininos, ainda que em menor quantidade. Por ser raro — menos de 1% dos casos — muitas vezes o diagnóstico ocorre tardiamente, já que o tema não recebe tanta atenção nas campanhas de prevenção.
Mesmo em menor volume, o tecido mamário masculino pode originar tumores malignos. Além disso, o desequilíbrio hormonal entre testosterona e estrogênio pode aumentar o risco, já que o excesso de hormônio feminino favorece alterações celulares.
Fatores de risco
- Idade: o risco cresce com o envelhecimento, sendo mais comum em homens com mais de 60 anos.
- Histórico familiar: ter parentes próximos com câncer de mama ou de ovário aumenta a probabilidade da doença.
- Exposição ao estrogênio: terapias hormonais ou condições que elevam os níveis desse hormônio, como obesidade, disfunção no fígado e doenças da tireoide, também são fatores relevantes.
Nos homens, os sintomas mais comuns são semelhantes aos das mulheres: caroço na mama, retração do mamilo, secreção e alterações na pele da região. Como não existe rastreamento populacional com mamografia para eles, estar atento a qualquer mudança e procurar um médico imediatamente é essencial para garantir diagnóstico precoce e tratamento eficaz.
Autoexame como autoconhecimento: passo a passo seguro
Hoje, a recomendação oficial no Brasil prioriza o autoconhecimento das mamas no dia a dia, e não um autoexame rígido como método de rastreamento. Ensaios clínicos não mostraram redução de mortalidade com a técnica padronizada de autoexame. Ainda assim, conhecer o próprio corpo é valioso para notar mudanças e procurar ajuda cedo.
Como praticar o autoconhecimento (sem pânico e sem regras duras):
- No espelho: observe as mamas com os braços ao lado do corpo, erguidos e apoiados na cintura. Note simetria, retrações, irregularidades na pele e no mamilo.
- No banho ou deitada: use a polpa dos três dedos, com toques firmes e suaves, em movimentos circulares que cubram toda a mama e a região da axila.
- Anote novidades: caroço que não some, área mais espessa, secreção espontânea. Descobriu algo? Procure avaliação. O autoconhecimento não substitui exame clínico nem mamografia em faixa etária indicada.
Mamografia: quando fazer, como é o exame e se dói
Quando fazer. No sistema público, o INCA/Ministério da Saúde recomenda mamografia a cada dois anos para mulheres de 50 a 69 anos como estratégia de rastreamento populacional. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia defende iniciar aos 40 anos, anualmente, com ajustes caso exista risco elevado. Em qualquer idade, sinal suspeito exige avaliação imediata. Conversem na consulta sobre seu histórico para alinhar a melhor conduta.
Como é o exame. A mamografia usa baixa dose de raio-X para obter imagens detalhadas do tecido mamário. No dia, evite desodorante, talco e cremes nas axilas e mamas, leve exames antigos e informe se estiver grávida. O exame costuma durar 15 a 25 minutos.
Dói? A compressão das mamas pode causar desconforto por alguns segundos, necessária para espalhar o tecido, melhorar a imagem e reduzir a dose de radiação. Algumas mulheres sentem dor mais intensa; ajustar a posição, avisar a técnica e agendar fora dos dias de maior sensibilidade do ciclo ajudam bastante. Em casos muito sensíveis, um analgésico simples, com orientação médica, pode ajudar.
Como se proteger no dia a dia
Cuidar da saúde das mamas não precisa ser complicado. Pense em três pilares que, somados, ajudam a reduzir riscos e aumentam suas chances de diagnóstico precoce: alimentação, movimento e rotina de cuidados.
Alimentação equilibrada
- Inclua mais frutas, verduras, legumes e grãos integrais no prato.
- Prefira preparações assadas, grelhadas ou cozidas em vez de frituras.
- Reduza o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras ruins.
- Evite o excesso de álcool, que está diretamente relacionado ao aumento do risco de câncer de mama.
Movimento constante
- Escolha uma atividade física que você goste: caminhada, corrida, dança, natação ou musculação.
- Mantenha uma rotina regular, mesmo que com pequenas sessões ao longo da semana.
- Lembre-se: o importante não é a intensidade, mas a constância.
Rotina de cuidados
- Faça consultas regulares e converse com o médico sobre o melhor momento para iniciar a mamografia, de acordo com seu histórico.
- Pratique o autoconhecimento das mamas, observando alterações sem ansiedade ou rigidez.
- Anote qualquer mudança percebida (como caroços, secreções ou alterações na pele) e leve essas informações para a consulta.
- Se sua empresa oferece programas de bem-estar, aproveite os conteúdos e demais benefícios — eles podem facilitar muito a prevenção.
Outubro Rosa na prática: o que você pode fazer hoje
- Para você: marque sua consulta anual, revise seus exames, anote dúvidas e leve para a consulta.
- Para sua rede: incentive amigas e familiares a fazerem o mesmo, compartilhe informação de qualidade e ofereça companhia para quem sente medo do exame.
- No trabalho: se sua empresa faz ações do Outubro Rosa, participe de rodas de conversa, palestras e ações de agendamento de mamografia. Informação que circula no ambiente de trabalho tem impacto real na saúde.
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