Eu sei, eu sei… A gente sempre deve encontrar o lado positivo das coisas, ver o “copo meio cheio” e tudo mais. Mas, cá entre nós, os últimos tempos não têm ajudado muito, não é mesmo? Crise financeira, agitação política, inflação, incerteza sobre o futuro, pandemia. Haja saúde mental pra lidar com tudo isso!
Depois de quase 3 anos da chegada da Covid-19, parece que enfim entendemos o “novo normal”, principalmente no universo do trabalho. Regimes 100% presenciais deram lugar a modelos mais flexíveis e o home office se estabeleceu como prática comum em muitas empresas.
Mas junto com os benefícios de poder trabalhar no conforto de casa, também vieram alguns desafios que a gente nem poderia imaginar. Só pra dar um exemplo bobo: há 5 anos, quem imaginou que a gente viveria uma – quase – pandemia da chamada Fadiga do Zoom?
Bom, a boa notícia é que, ao que tudo indica, o mercado tem encontrado boas soluções para superar esses desafios, olhando com cada vez mais atenção para a questão da saúde mental e do bem-estar. Uma pesquisa recente da consultoria McKinsey com quase 1.400 líderes de RH de todo o mundo constatou que saúde mental e bem-estar estão entre as principais prioridades de quatro entre cinco lideranças.
Neste artigo, separamos alguns dados importantes que ilustram o cenário da saúde mental no Brasil e no mundo e selecionamos dicas valiosas para você aplicar por aí em 2023. Afinal, esse ano promete! Vamos lá?
Um breve panorama da saúde mental no trabalho
Como falamos anteriormente, a pandemia afetou profundamente a rotina de trabalhadores em todo o mundo. De acordo com pesquisa da Paychex, 51% dos funcionários relataram piora na saúde mental no trabalho desde o início da pandemia. Eles apontam problemas como depressão, falta de motivação, foco reduzido, insônia e diminuição do trabalho em equipe.
O mesmo estudo mostrou que 30% dos funcionários tinham receio de revelar problemas de saúde mental por medo de serem demitidos ou dispensados. Uma outra pesquisa, realizada na Índia pela Oracle, aponta que 92% dos indianos preferem falar sobre sua saúde mental com um robô do que com um gerente. Isso é tão Black Mirror, não?
Esse cenário pouco animador também foi revelado por uma pesquisa da International Stress Management Association (ISMA), que mostra que o Brasil figura em segundo lugar em número de casos de burnout. A pandemia parece ter derrubado as já tênues barreiras que separavam vida profissional e pessoal. De uma hora pra outra, tivemos que nos acostumar a responder aquele email ou participar daquela call fora do horário de trabalho – e se você não teve que passar por isso nos últimos dois anos, você é privilegiado sim!
Por falar em call, um estudo recente do Massachusetts Institute of Technology (MIT) trouxe alguns dados interessantes sobre como o excesso de reuniões virtuais pode impactar a produtividade dos colaboradores. Empresas que reduziram as reuniões em 40% tiveram ganhos de até 71% na produtividade. Isso sem falar na satisfação, que aumentou em 52%! Então já anota aí a primeira dica pra aplicar esse ano: planeje a agenda e tenha espaço entre as reuniões. Isso é fundamental para o bem-estar de todos.
Um recorte por gênero e geração
É claro que os problemas de saúde mental afetam a população como um todo. Mas em algumas parcelas da sociedade eles mostram-se ainda mais latentes. Um estudo da Ipsos mostra que 48% da Geração Z e 44% dos Millennials relatam sentir-se ansiosos ou estressados o tempo todo.
De acordo com a Gallup, trabalhadoras jovens e mulheres sofrem com uma maior probabilidade de relatar problemas. Tal como acontece com outros indicadores de saúde mental – incluindo depressão – as mulheres (23%) são mais propensas a relatar saúde mental ruim ou regular do que os homens (15%). Além disso, 36% das mulheres trabalhadoras com menos de 30 anos alegam estar com sua saúde mental regular ou ruim.
E não há dúvidas de que isso está diretamente ligado a questões estruturais de nossa sociedade, como a disparidade de salário entre homens e mulheres, a sobrecarga de trabalho doméstico, a constante necessidade de afirmação no ambiente corporativo, entre outros fatores.
12 dicas para um 2023 de mais saúde mental
Entenda o que é bem-estar pra você
Antes de tudo, é válido lembrar: não há uma “maneira certa de cuidar de si mesmo”. Ou seja, não existe uma fórmula de bem-estar, uma receita pronta que serve para todas as pessoas do mundo. Não se esqueça: o autocuidado não significa necessariamente tomar um banho de espuma, ler seu livro favorito ou jantar em um restaurante caro. Ninguém melhor do que você sabe o que te faz sorrir. Então, o segredo aqui é explorar e investir em pequenas mudanças cotidianas que funcionam no seu contexto. O que você sente confortável em deixar para trás? Existe algum hábito que você não está praticando atualmente e gostaria de começar?
Eduque-se sobre questões de saúde mental
Um outro passo super importante para lidar com a saúde mental é aprender a identificar como as emoções aparecem e usar a linguagem apropriada para rotulá-las. Isso com certeza vai te ajudar a melhorar a abordagem da saúde mental com seus familiares e amigos. Quer ver um exemplo?
Você sabe qual é a diferença entre “ansiedade” e “estresse”? Embora a gente tenha se acostumado a usar esses dois termos indistintamente, eles representam estados emocionais diferentes. O estresse é definido como uma resposta a um gatilho externo (como o prazo apertado para um job, por exemplo). Já a ansiedade é desencadeada internamente por pensamentos excessivos, que podem derivar desse gatilho externo (por exemplo: o que vai acontecer caso você não consiga entregar aquele job com o prazo apertado?). Pode parecer besteira, mas entender a diferença entre eles é o primeiro passo para encontrar a liberdade do desconforto.
Comece o dia com mindfulness
Você já ouviu falar em mindfulness? É uma técnica de meditação que visa reduzir o estresse e a ansiedade. Praticar esse tipo de exercício logo pela manhã pode ser uma boa maneira de começar o dia de forma mais saudável e equilibrada. Estudos mostram que navegar pelo celular assim que você acorda faz com que seu cérebro já se prepare para distrações. Isto é: olhar para o celular logo de manhã é o equivalente a ter centenas de pessoas no seu quarto gritando com você. Não parece uma boa ideia, né?
Estabeleça metas realistas
É certo que ninguém gosta de se desapontar, não é mesmo? Então, decida o que você deseja alcançar e anote as etapas necessárias para atingir seus objetivos. Isso vale para a vida acadêmica, profissional e pessoal também, ok? Mire alto, mas seja realista e não se cobre em excesso. À medida que começar a avançar em direção ao seu objetivo, você irá desfrutar de uma tremenda sensação de realização e autoestima.
Não se compare com os outros
Pode reparar: a gente passa a vida toda se comparando com outras pessoas, seja na vida profissional ou seja só navegando pelo Instagram. O grande problema aqui é: quando a gente se compara com os outros, a chance de experimentarmos sentimentos de infelicidade e baixa autoestima é bem grande. Ao invés disso, procure comparar-se com quem você era ontem. É isso mesmo: assim você vai conseguir se concentrar em melhorias saudáveis e atingir metas específicas.
Foque nas suas qualidades
Parece óbvio, mas muitas vezes não é. Sempre tem aqueles dias que parece que a gente é a pior pessoa do mundo e que só temos fraquezas, né? Nesses casos, capitalize seus pontos fortes, suas qualidades, e busque projetos que lhe tragam satisfação. Quando você canaliza sua energia nos seus pontos fortes, a atividade parece natural e é bem provável que você experimente boas realizações.
Fale sobre seus fracassos
Já que falamos sobre as suas qualidades, chegou a hora de lidar com os fracassos. Afinal, nem tudo são flores, né? É claro que contratempos não são fáceis de lidar, mas o fato é que todos nós falhamos em algum momento da vida. E evitar falar sobre esses momentos não tão bons pode fazer com que os outros tenham uma visão distorcida de nossas jornadas. Por isso, compartilhar nossos fracassos é tão importante quanto falar sobre nossos sucessos.
Ao invés de julgar, aceite seus sentimentos
Quando sentimos vergonha, medo ou tristeza, nossa primeira reação é rejeitar esses sentimentos. É ou não é? Em vez disso, que tal começar a aceitá-los como parte da vida? O que nos causa angústia não é a emoção em si, e sim o julgamento da emoção. Aceitar os sentimentos é estar no controle da situação, é saber que toda emoção tem um começo e um fim.
Aprenda algo novo
Muitas vezes nos sentimos ansiosos ou deprimidos quando não somos desafiados. Nesse sentido, aprender novas habilidades pode ser um ótimo estímulo para melhorar a sua saúde mental no trabalho. Quando aprendemos algo novo, construímos um senso de propósito e aumentamos nossa autoconfiança. Por falar nisso, você sabia que aqui na Vidalink nós criamos um Pilar exclusivo para o desenvolvimento de soft skills? Com o Vidalink Up, você tem acesso a trilhas de conteúdo e jornadas de aprendizado para dar um up na carreira profissional. Clique aqui e saiba mais.
Comece uma cultura de gratidão
Não é papo de gratiluz: estudos mostram que praticar a gratidão no trabalho provoca menos estresse, menos dias de doença e maior satisfação com nossos colegas de equipe. Quer ver uma boa maneira para começar a praticar a gratidão? Pegue a sua agenda e anote uma coisa que deu certo naquele dia e por quê. Uma outra ideia é iniciar suas reuniões de equipe incentivando cada pessoa a compartilhar uma coisa pela qual é grata.
Se sentir segurança, fale com as lideranças
É claro que é mais confortável conversar sobre seus sentimentos com amigos próximos ou até familiares. Mas uma mudança sistêmica exige que a gente quebre o silêncio em torno dessas conversas e passe a compartilhar nossas emoções com gerentes e líderes. Mas lembre-se: essa dica é válida apenas se o seu local de trabalho for psicologicamente seguro e inclusivo. Se você sente que tem mais a perder do que ganhar, ou precisa de mais tempo para tomar uma decisão, não se pressione.
Considere mudar a sua rotina
Por fim, pergunte a si mesmo: você se sentiria mais concentrado se começasse a trabalhar 1 hora mais cedo? Você se sentiria mais relaxado se trabalhasse em um ambiente aberto, como seu café preferido ou um coworking? Sempre que possível, considere alterar a sua rotina para melhor se adequar à sua saúde mental e bem-estar. Isso pode ter um impacto grande em sua produtividade. Se o seu trabalho permitir, abra a conversa sobre o trabalho flexível com seu gerente ou um colega em quem você confia e veja o que eles podem fazer para apoiá-lo.
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