Nos últimos anos, o mundo corporativo vem testemunhando uma mudança notável de mentalidade, especialmente entre os membros da Geração Z. O fenômeno conhecido como Quiet Ambition vem se destacando, revelando uma tendência surpreendente em que muitos desses jovens profissionais optam por declinar posições de liderança em prol da preservação de sua saúde física e mental.
Continue a leitura para saber mais e entenda como esse fenômeno pode impactar o futuro das organizações!
O que é Quiet Ambition?
A expressão Quiet Ambition, traduzida livremente como “ambição silenciosa”, surgiu pela primeira vez em uma reportagem da revista americana Fortune, publicada em abril de 2023.
Em contraste com abordagens convencionais, em que a ascensão na carreira geralmente está associada a cargos de liderança, a Geração Z demonstra uma preferência por um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal. Esses indivíduos buscam caminhos que proporcionem realização sem a necessidade de assumir papéis de destaque e responsabilidade.
De acordo com dados da Gallup, apenas 4% dos profissionais da Geração Z consideram a ascensão ao alto escalão como um objetivo de carreira crucial. Essa tendência representa uma ameaça potencial ao tradicional pipeline corporativo. Enquanto isso, 62% preferem manter suas posições atuais, sem assumir responsabilidades de liderança.
Este cenário desafia as noções convencionais sobre o que impulsiona a motivação e o crescimento profissional, destacando a evolução das metas e valores na atualidade corporativa.
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Por que a Geração Z evita assumir papéis de liderança?
A resistência da Geração Z em assumir posições de liderança pode ser atribuída a diversos fatores. Um deles é a busca por um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal. Ao contrário de gerações anteriores, os membros da Geração Z estão mais conscientes da importância de cuidar de sua saúde física e mental.
Ainda de acordo com a Gallup, as metas relacionadas ao trabalho não figuram entre as três principais ambições dos entrevistados. As prioridades incluem passar tempo com a família e amigos (67%), manter a saúde física e mental (64%) e viajar (58%). Apenas 9% consideram prioritário se tornar gerente de pessoas, enquanto 4% almejam se tornar executivos de alto escalão.
Além disso, a Geração Z também é altamente conectada e busca um senso de propósito e impacto em suas carreiras. Eles estão mais interessados em trabalhar em projetos significativos e fazer a diferença no mundo, do que simplesmente buscar poder e status. Essa geração cresceu em um mundo cada vez mais globalizado e está consciente das questões sociais e ambientais que afetam o planeta.
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As diferenças entre os Millennials e a Geração Z
É interessante destacar as diferenças entre a Geração Z e os Millennials quando se trata de suas perspectivas de carreira. Os Millennials, geração anterior, geralmente foram incentivados a buscar posições de liderança como forma de avançar em suas carreiras. Acreditavam que alcançar cargos de destaque era o caminho para o sucesso e realização profissional.
Por outro lado, a Geração Z está adotando uma abordagem mais equilibrada e autêntica, priorizando seu bem-estar e buscando um senso de propósito em suas escolhas profissionais.
Enquanto os Millennials se esforçaram para se destacar em suas carreiras e ascender rapidamente, a Geração Z está mais interessada em encontrar trabalhos alinhados com seus valores e que ofereçam um ambiente de trabalho saudável e flexível. Estão dispostos a sacrificar posições de liderança em troca de uma qualidade de vida melhor e uma sensação de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Essa mudança de perspectiva pode ser atribuída, em parte, ao fato de que a Geração Z cresceu em meio a uma recessão econômica e testemunhou os efeitos negativos do estresse e do desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal em gerações anteriores.
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Quiet ambition ameaça o plano de sucessão?
Diante dessa tendência crescente da Geração Z em buscar a Quiet Ambition, surge a questão sobre o futuro do planejamento sucessório nas empresas. O planejamento sucessório tradicionalmente envolve identificar e treinar líderes para assumirem cargos de destaque no futuro.
No entanto, se a Geração Z está menos interessada em assumir essas posições, é necessário repensar as estratégias de sucessão.
A pesquisa da Gallup destaca que 71% dos funcionários relatam que melhores salários os incentivariam a se tornarem gestores de pessoas, 45% dizem melhores benefícios e 26% citam mais oportunidades de progressão na carreira.
Estratégias de atração e retenção
As empresas precisam se adaptar a essa nova realidade e encontrar maneiras de criar oportunidades para os membros da Geração Z crescerem e se desenvolverem em suas carreiras, sem necessariamente assumirem papéis de liderança. Isso pode envolver a criação de estruturas organizacionais mais horizontais, onde a colaboração e o trabalho em equipe sejam valorizados, em vez de hierarquias rígidas.
Também é importante oferecer programas de desenvolvimento profissional que atendam às necessidades e interesses dessa geração, incentivando-os a alcançar seu potencial sem a pressão de assumir posições de liderança.
Expandir o pacote de benefícios também torna-se crucial nesse contexto. A Geração Z, que valoriza a qualidade de vida, busca soluções abrangentes, incluindo saúde mental, física, alimentação e desenvolvimento profissional.
Oferecer opções de trabalho remoto, horários flexíveis e ambientes colaborativos contribui para um equilíbrio saudável, promovendo a satisfação e o engajamento. A flexibilidade não apenas atende às expectativas da Geração Z, mas também demonstra o compromisso da empresa com um modelo de trabalho moderno e adaptável às necessidades individuais de seus colaboradores.
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Conclusão
Em resumo, a Quiet Ambition é uma tendência emergente entre os membros da Geração Z, que optam por rejeitar posições de liderança em favor de uma vida profissional equilibrada e autêntica. Essa mudança de perspectiva reflete uma busca consciente pelo bem-estar e uma valorização do propósito e impacto em suas carreiras.
As empresas precisam se adaptar a essa nova realidade, repensando suas estratégias de sucessão e criando oportunidades de crescimento para os membros da Geração Z, que desejam se realizar profissionalmente de maneiras diferentes das gerações anteriores.
A Quiet Ambition é um lembrete de que o sucesso não necessariamente está ligado a posições de destaque, mas sim a uma vida equilibrada e significativa.
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