
As novas diretrizes brasileiras de hipertensão e colesterol, divulgadas em 2025 pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), trouxeram mudanças importantes sobre o que é considerado pressão normal e quais são as metas ideais para o colesterol.
Essas atualizações afetam milhões de pessoas, já que a pressão alta e o colesterol elevado estão entre as principais causas de doenças cardiovasculares no Brasil.
Mas o que, de fato, mudou? E como isso impacta sua saúde? A seguir, respondemos às dúvidas mais comuns sobre o tema.
O que mudou na classificação da pressão arterial?
A nova diretriz considera pressão normal apenas abaixo de 12 por 8 (120 x 80 mmHg).
Valores acima disso, até 13,9 x 8,9 mmHg, agora entram na categoria de pré-hipertensão, um alerta de que o corpo já começa a sofrer os efeitos do aumento da pressão.
Antes, essa faixa era considerada “limítrofe”, e muita gente não recebia acompanhamento. Agora, o objetivo é detectar o risco mais cedo e incentivar hábitos saudáveis antes que o problema evolua para uma hipertensão de fato.
Quais são os novos estágios da hipertensão?
- Pré-hipertensão: entre 12 x 8 e 13,9 x 8,9 mmHg
- Estágio 1: entre 14 x 9 e 15,9 x 9,9 mmHg
- Estágio 2: entre 16 x 10 e 17,9 x 10,9 mmHg
- Estágio 3: acima de 18 x 11 mmHg
Para quem já tem diagnóstico de hipertensão, a meta do tratamento agora é manter a pressão abaixo de 13 x 8, sempre que o corpo tolerar bem os medicamentos.
Por que a meta ficou mais rígida?
Porque os estudos mostram que mesmo pequenas elevações da pressão aumentam o risco de infarto, AVC e doenças renais.
Ao adotar metas mais baixas, os médicos esperam prevenir complicações antes que elas aconteçam, protegendo o coração, o cérebro e os rins.
O que mudou nas diretrizes de colesterol?
O colesterol também ganhou novas metas e até uma nova categoria: o “risco extremo”.
A ideia é personalizar o tratamento de acordo com o perfil de cada pessoa. Veja os novos limites para o colesterol LDL (o “ruim”):
Categoria de risco | Meta de LDL (colesterol ruim) |
Baixo risco | abaixo de 115 mg/dL |
Risco intermediário | abaixo de 100 mg/dL |
Alto risco | abaixo de 70 mg/dL |
Muito alto risco | abaixo de 50 mg/dL |
Risco extremo | abaixo de 40 mg/dL |
Além disso, a nova diretriz recomenda que todo adulto faça pelo menos uma vez na vida o exame de lipoproteína (conhecido como Lpa), que ajuda a identificar o risco genético para doenças do coração.
Quem se enquadra no risco extremo?
Essa categoria foi criada para quem já teve mais de um evento cardiovascular (como infarto ou AVC) ou possui doença grave associada, como diabetes e insuficiência renal.
Para essas pessoas, o controle do colesterol deve ser ainda mais rigoroso, com uso de medicamentos de alta potência e acompanhamento médico contínuo.
Quando é necessário usar remédios para hipertensão?
As novas regras indicam que o tratamento medicamentoso pode começar mais cedo. Antes, muitas pessoas só começavam a tomar remédio após tentar mudanças no estilo de vida.
Agora, se o risco cardiovascular for alto ou a pressão estiver muito elevada, o médico já inicia a medicação junto com os cuidados diários.
Quando é necessário usar remédios para o colesterol?
O tratamento depende do nível de risco. Geralmente, o médico começa com estatinas (remédios que reduzem o colesterol LDL).
Se o resultado não atingir a meta, ele pode associar outras medicações, como ezetimiba ou inibidores de PCSK9.
Para pessoas com colesterol alto e triglicerídeos alterados, pode haver a necessidade de ajustes no tratamento ou uso de outros tipos de medicamentos, sempre sob orientação médica.
Como saber meu risco cardiovascular?
Os médicos agora utilizam uma nova calculadora chamada escore PREVENT, que estima a probabilidade de uma pessoa ter infarto, AVC ou insuficiência cardíaca nos próximos 10 e 30 anos.
O cálculo leva em conta idade, sexo, pressão arterial, colesterol, IMC e estilo de vida. Saber o seu risco ajuda o profissional a definir metas de tratamento personalizadas, tornando a prevenção mais eficiente.
Quais exames devo fazer e com que frequência?
- Pressão arterial: deve ser medida com regularidade, tanto no consultório quanto em casa (com aparelho validado).
- Perfil lipídico: inclui colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos — deve ser solicitado conforme orientação médica.
- Lp(a): é feito uma única vez, para verificar predisposição genética.
- Revisões periódicas: quem faz uso de medicamentos deve repetir exames a cada 4 a 6 semanas após o início do tratamento ou ajuste de dose.
Quais hábitos ajudam a controlar a pressão e colesterol?
A base do tratamento continua sendo o estilo de vida saudável. Pequenas mudanças no dia a dia fazem diferença:
- Reduza o consumo de sal e alimentos ultraprocessados
- Aumente frutas, verduras, legumes e grãos integrais
- Pratique atividade física regular
- Evite fumar
- Mantenha o peso adequado
- Diminua o consumo de álcool
- Controle o estresse e priorize o sono
Esses cuidados potencializam o efeito dos medicamentos e reduzem o risco de complicações.
Quais sinais merecem atenção?
Procure um médico o quanto antes se sentir:
- Dor no peito ou falta de ar
- Tontura frequente ou visão embaçada
- Inchaço nas pernas
- Pressão muito alta (acima de 18 x 11) com sintomas
- Cansaço excessivo e palpitações
Esses sintomas podem indicar urgência hipertensiva ou complicações cardíacas que exigem atendimento imediato.
O que fazer a partir de agora?
- Verifique sua pressão regularmente.
- Faça um exame de colesterol completo.
- Converse com seu médico sobre os novos parâmetros e seu risco cardiovascular.
- Reforce seus hábitos saudáveis.
- Mantenha acompanhamento contínuo, mesmo se estiver sem sintomas.
Cuidar da pressão e do colesterol é cuidar da sua qualidade de vida. A prevenção é o melhor caminho para evitar doenças silenciosas e viver com mais energia e bem-estar.
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