Ter um plano de bem-estar corporativo deixou de ser um diferencial para se tornar parte da cultura de muitas empresas, especialmente aquelas que buscam estar sempre à frente no mercado.
O problema é que, por mais que as equipes de RH entendam a necessidade de promover a qualidade de vida dos trabalhadores, muitas delas ainda se deparam com a negativa da sua diretoria na hora de colocar a estratégia em prática.
Diante disso, o desafio que fica é “como contornar a situação para convencer os superiores sobre a importância das ações de bem-estar?” É o que você vai descobrir agora, confira:
Por que ter um plano de bem-estar corporativo?
Ainda é muito comum que muitas diretorias encarem um plano de bem-estar corporativo como um gasto, que traz benefícios apenas para os funcionários, deixando de enxergar o quanto isso pode ser positivo também para a empresa.
Nesse sentido, o primeiro ponto a ser discutido é que os trabalhadores, hoje em dia, não estão atrás apenas de bons salários. Segundo Viviane Corrêa Asselli, professora do curso de Gestão de Recursos Humanos da Universidade Anhembi Morumbi, “podemos observar que o contexto de trabalho mudou nos últimos anos, bem como sua estrutura, o que requer dos profissionais habilidades socioemocionais diferenciadas que retratam relações mais fluidas e harmoniosas no ambiente corporativo.”
Uma cultura motivadora e de reconhecimento engaja e incentiva os funcionários, contribuindo para que suas vidas, dentro e fora da empresa, tenham mais qualidade. E uma forma de conseguir isso é com um plano de bem-estar corporativo.
“Em uma transformação cultural participativa, sustentada pela consciência coletiva, os colaboradores tendem a se sentir identificados com os valores da organização, alinhando os seus propósitos pessoais ao alcance dos objetivos estratégicos do negócio, o que gera um ciclo virtuoso de desenvolvimento mútuo, crescente e contínuo para todos os stakeholders (públicos de interesse da organização)”.
Benefícios
São inúmeras as vantagens resultantes de um plano de bem-estar corporativo. Elas são sentidas pelo funcionário individualmente, sobretudo devido à atenção dada à sua saúde física e mental, mas também em suas relações interpessoais, no seu comportamento e comprometimento com a empresa, chegando até o atendimento final aos clientes.
Confira, a seguir, alguns dos principais benefícios proporcionados por um plano de bem-estar corporativo, que podem ser “usados” como argumentos junto à diretoria.
Reduz o absenteísmo e o presenteísmo
Devido à sensação de reconhecimento por todo esforço e dedicação que um plano de bem-estar corporativo transmite, o funcionário, naturalmente, realiza suas funções com mais empenho, realizando suas atividades com atenção e comprometimento.
Aumenta a produtividade
Funcionários que estão bem física e mentalmente tendem a ter um desempenho melhor, o que também reduz o número de acidentes de trabalho, eleva a produtividade e, por consequência, a lucratividade da empresa.
Aumenta a retenção de talentos
Como dissemos, não basta apenas um salário robusto para atrair e reter talentos na equipe. Mais do que nunca, as pessoas buscam formas de equilibrar a vida pessoal e profissional. E, dessa forma, quanto mais benefícios a empresa oferecer, maiores serão as chances de ter excelentes funcionários.
Além disso, um plano de bem-estar corporativo bem estruturado e alinhado com a cultura da empresa reduz o índice de turnover, diminuindo custos relacionados à contratação, treinamento e demissão.
Melhora o clima organizacional
Quem trabalha fora passa mais horas do seu dia no local de trabalho do que em casa. Justamente por isso, é tão importante proporcionar aos funcionários um ambiente saudável, que contemple desde as relações interpessoais até o layout e a estrutura do escritório em si. Afinal, espaços inadequados abrem espaço para casos de LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), assim como para problemas emocionais, como estresse elevado e até mesmo a Síndrome de Burnout.
Como convencer a diretoria a implantar um plano de bem-estar corporativo
Por mais que sejam claros os bons resultados de um plano de bem-estar corporativo, muitas lideranças somente dão o ‘ok’ quando números são apresentados.
“A diretoria será sensibilizada pela sustentabilidade dessa estratégia na medida em que os resultados positivos forem comprovados por meio do fruto do trabalho em equipe e da colaboração, assim como de um ambiente de prosperidade plena no qual as pessoas se sentem felizes e autorrealizadas, ao mesmo tempo em que a organização adquire potencial para alcançar novos patamares de lucratividade”, reforça a professora Viviane.
Utilize o ROI
O ROI (Retorno Sobre o Investimento), muitas vezes, é o que convence os superiores a autorizarem novas estratégias. Isso acontece porque o cálculo permite visualizar claramente se uma ação gerou lucro ou prejuízo para a organização.
No caso do plano de bem-estar corporativo, o ROI pode apontar índices como a produtividade dos trabalhadores, o número de ausências e o quanto esses dois fatores impactam na lucratividade, ressaltando que resultados negativos podem ser revertidos quando há investimento no funcionário.
Apresente pesquisas
Pesquisas voltadas para o RH permitem acesso a diversos levantamentos que podem ser muito úteis na hora de convencer os superiores, tais como o número de pessoas afastadas por doenças de trabalho, os motivos que fazem um funcionário buscar outra colocação, etc.
Além disso, nada incentiva mais uma diretoria a autorizar algo do que saber que outras empresas, ainda mais concorrentes, estão saindo na frente em algum quesito.
Análises como a realizada pelo Great Place to Work identifica as melhores empresas para se trabalhar. Já a lista de empresas com melhor classificação pela visão dos funcionários, feita pela Love Mondays / Glassdoor, um dos maiores sites de emprego e recrutamento do mundo, tem como base a opinião de funcionários e ex-funcionários.
Realizada de forma anônima e espontânea, são levantados dados sobre satisfação geral e também cultura da empresa, remuneração, benefícios, oportunidades de carreira e qualidade de vida. A última pesquisa, inclusive, apontou que um bom ambiente de trabalho e oportunidade de crescimento têm mais peso do que a remuneração oferecida.
Mostre dados
Outros números que podem ser apresentados para convencer a diretoria sobre a importância de um plano de bem-estar corporativo são os relacionados aos custos gerados com afastamentos médicos, indenizações e até processos trabalhistas.
O que fazer em caso de resistência
“O papel do RH, como parceiro estratégico, precisa aguçar uma nova consciência nos líderes em relação aos desafios atuais de gestão de pessoas. Nesse contexto, deve ser incentivada a criação de projetos de engajamento para os líderes, com estímulo à mentoria estratégica, gestão do conhecimento, incentivo ao intraempreendedorismo e implantação de programas de reconhecimento de atitudes e comportamentos de valor. A criação de equipes diversas também se mostra eficaz para quebrar paradigmas da liderança, que podem estar presos às crenças do passado, na medida em que todos são estimulados a compartilhar suas ideias, manifestando pensamentos diferentes e competências complementares.”
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