Com o avanço da pandemia, boa parte das empresas se viu forçada a adotar o modelo de trabalho remoto para diminuir a disseminação da COVID-19, proteger os colaboradores e, também, manter as operações funcionando. Contudo, uma pesquisa realizada pela FGV (Fundação Getulio Vargas), em parceria com o Institute of Employment Studies do Reino Unido, apontou que os profissionais têm sentido os impactos do home office no seu bem-estar.
Dentre as maiores queixas citadas pelas 650 pessoas que participaram do estudo, destacam-se:
- Dor nas costas (56% do total de participantes), no pescoço (55%) e nos ombros (50%);
- Dificuldade para dormir (55%) fadiga ocular (45%), fadiga (43%) e enxaquecas (42%);
- Preocupação com questões financeiras da família (36%);
- Sensação de ansiedade com a saúde de um membro da família (30%);
- Sensação de isolamento e solidão (11%).
Ainda de acordo com o levantamento, 84% dos participantes disseram não ter recebido nenhuma assistência de seus empregadores em relação às suas condições de saúde e segurança durante o home office.
Para Luciane Vecchio, psicóloga e especialista em RH, muitos pacientes apresentaram, em maior ou menor grau, solidão, esgotamento e tristeza desde o início da pandemia, devido à mudança radical da rotina e o afastamento social.
“Ainda que, aos poucos, as pessoas tenham passado a sair mais, elas se sentem aprisionadas em seus lares, sem convívio, lazer e distração. Sendo assim, o que já era um problema psicológico, emocional, se intensifica. O que me preocupa mais é que grande parte da população não tem acesso ao atendimento psicológico, o que acaba fazendo com que muita gente entre numa espiral emocional de sofrimento. Porém, precisamos pensar que isso tudo é temporário e que, por mais que o home office tenha vindo com tudo e que as coisas realmente não voltem a ser como eram antes, não estaremos para sempre confinados. Pode demorar um pouco para a pandemia passar definitivamente, mas temos que estar atentos e abertos às mudanças. O home office também trouxe inúmeros benefícios, basta sabermos procurar coisas boas em meio ao que parece apenas ruim”, ressalta.
O que fazer para evitar os impactos do home office?
De acordo com Luciane, algumas medidas podem ajudar quem está sofrendo com os impactos do home office a ter uma rotina de trabalho mais leve e produtiva em casa.
Confira, a seguir, o que pode ser feito nesse sentido.
Organize o espaço
Manter o espaço de trabalho organizado é um meio de se sentir mais confortável, o que reflete diretamente na produtividade.
“Não se jogue em qualquer canto, ficando com a coluna torta ou sentado (a) de maneira inadequada. Mesmo que não tenha um cômodo só para escritório, disponibilize um espaço simples, mas iluminado e aconchegante, evitando distração com TV ou celular”, reforça a especialista.
Mantenha uma rotina
Trazer para a casa a mesma divisão de horas e tarefas que era praticada na empresa ajuda a manter uma rotina benéfica para a mente e o corpo, melhorando, especialmente, a entrega dos resultados no trabalho e conferindo os descansos necessários.
“Acostumar-se a acordar no mesmo horário e a não estender o expediente desnecessariamente, bem como estabelecer uma rotina, levantando, tomando banho e colocando uma roupa diferente do pijama, também são medidas importantes.”
Organize os horários
Em home office, uma das coisas mais difíceis de organizar são os horários. Interrupções podem acontecer por inúmeros motivos, sobretudo quando consideramos a presença de filhos ou cônjuges. Portanto, estabelecer limites sobre o horário de trabalho em casa é fundamental.
Faça atividades físicas
As atividades físicas continuam sendo uma das principais formas de manter a saúde mental e do corpo em dia – e bastam alguns minutos por dia de exercícios para que os efeitos apareçam.
Além disso, também vale a pena “fazer pausas, cuidar da alimentação e não se deixar levar pelo desânimo, assim como colocar o despertador para funcionar e se programar para fazer atividades diferentes e não relacionadas ao trabalho, como ler, ouvir música, meditar, orar…”, recomenda Luciane.
Mantenha o contato social
Ainda que uma pandemia exija o isolamento social, é preciso manter o mínimo de contato com as pessoas. Isso pode ser feito a distância, por aplicativos de mensagens e por vídeo. Dessa maneira, as relações serão mantidas e trarão mais conforto emocional.
Avalie os sentimentos
É de suma importância dedicar um momento para si mesmo todos os dias, por alguns minutos, para avaliar o estado emocional e fazer um balanço. “Ao anoitecer, procure praticar a avaliação dos sentimentos e ver como passou o dia, anotar os motivadores, os gatilhos de cada sentimento ruim e perceber mudanças sutis, aprendendo a trocar crenças negativas por pensamentos mais otimistas e positivos”, indica.
Conte com a ajuda de profissionais
Os serviços de profissionais de saúde como nutricionistas e psicólogos, por exemplo, são essenciais mesmo para quem considera que está bem física e mentalmente.
“A maior parte dos profissionais atende on-line. Além disso, do ponto de vista da psicologia, o apoio emocional será o mesmo recebido quando se está pessoalmente no consultório. Ou seja, para quem já está apresentando queixas mais profundas, que não são apenas tristezas passageiras ou controláveis, é essencial procurar a ajuda de um profissional competente, com formação sólida”, ressalta.
Como as empresas podem evitar os impactos do home office para o bem-estar dos colaboradores?
Há muitas maneiras de reforçar a saúde mental e física dos colaboradores, mesmo a distância. Para Luciane Vecchio, pode ser montado um comitê on-line com líderes das diferentes áreas, em que questões de saúde mental sejam amplamente discutidas, com o intuito de desmistificar e extinguir os preconceitos sobre o tema, além de serem preparadas pesquisas para entender as necessidades dos funcionários, levantando os principais pontos, pois, cada empresa é diferente da outra e questões diversas podem surgir.
“Com pequenos passos e, principalmente, a escuta ativa em relação às dores emocionais dos colaboradores, o mindset e a cultura vão sendo modificados. O ser humano está em constante evolução, então este é um programa que também deverá ser fluido, dando oportunidade para a construção de novas ideias. Muitas empresas estão diversificando nesse quesito, fazendo amigo secreto on-line e outros eventos. Também é papel das lideranças se preocuparem com seus times, entendendo as dificuldades individuais, se aproximando de cada membro da equipe.”
A Vida – wellbot (robô virtual) de bem-estar da Vidalink – pode ajudar!
A Vida é o wellbot (robô virtual) de bem-estar da Vidalink criado para promover a mudança de hábitos e o fortalecimento emocional dos profissionais dentro e fora do ambiente de trabalho, por meio de trilhas de conteúdo criadas com exclusividade por especialistas em desenvolvimento comportamental (médicos, psicólogos, nutricionistas, educadores físicos e coaches).
Justamente por isso, ela consegue falar sobre saúde mental com o usuário driblando o estigma tradicional que envolve quadros de ansiedade e depressão e identificando antecipadamente comportamentos que indicam problemas relacionados à saúde emocional. Ela também dá suporte às pessoas com quadros diagnosticados, com informações sobre possíveis efeitos colaterais, terapias complementares e riscos de abandono do tratamento, além de lembretes de recompra da medicação, entre outras ações. Confira os detalhes no vídeo https://bit.ly/3bOhhqi.
E como será o cenário pós-pandemia?
O cenário de pandemia trouxe mudanças profundas para as políticas e os comportamentos corporativos. “Os colaboradores, por muito tempo, foram incentivados a serem super-homens, sem possibilidade de demonstrarem cansaço, fadiga e menos ainda problemas emocionais. Para as empresas sobreviverem, precisarão mudar completamente a forma como lidam com essa situação, diminuindo a pressão e até mesmo a carga de trabalho, afinal, é comprovado cientificamente que pessoas felizes produzem mais e melhor”, afirma.
Ainda, dentro do mundo pós-pandemia, dois pontos ganham mais força: a maior abertura para falar sobre vulnerabilidades pessoais e o avanço da humanização que vai além do que as tecnologias digitais promovem.
No primeiro quesito, Luciane destaca que “é cada vez mais necessário que a sociedade e as empresas busquem oferecer espaços seguros, de troca e respeito. Os funcionários precisam ver a empresa não mais como um local de pura competitividade, mas de abertura para a evolução pessoal e empatia, olhando as pessoas como um todo. Esse papo de ‘não se leva problema pessoal para a empresa’ caiu por terra, já que a empresa passa a ser a casa do sujeito, literalmente, ainda mais quando falamos em home office.”
Já em relação ao segundo ponto, “as empresas precisarão compreender que inovação não é só de máquinas, agilidade e sistemas, mas na gestão de pessoas igualmente”, conclui.
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