Não é exagero algum dizer que a maioria das pessoas passa mais tempo no ambiente corporativo do que em casa, com suas famílias. Justamente por isso, identificar as fontes de bem-estar e mal-estar no trabalho, buscando maneiras de estimulá-las e evitá-las, respectivamente, é uma tarefa cada vez mais importante para as empresas que buscam atrair e reter talentos, diferenciando-se assim da concorrência.
Mas quais são as fontes de bem-estar no trabalho?
Bem-estar no trabalho nada mais é do que uma sensação ligada a diversos fatores. De acordo com Mário César Ferreira, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, “são vivências e sentimentos que os colaboradores manifestam em relação ao contexto organizacional. Pode ser alegria, prazer, entre outras coisas.”
Existem algumas fontes de bem-estar no trabalho. Separamos algumas delas a seguir, confira:
Possibilidade de crescimento profissional
Oferecer e, principalmente, explicar e trazer ao cotidiano do colaborador um plano de carreira consistente dá suporte para que ele se sinta bem.
Condições adequadas de trabalho
Dar suporte para que o funcionário tenha condições adequadas de trabalho, contribui para a prevenção de acidentes e também para a sensação de segurança, uma das fontes de bem-estar no trabalho.
Boas relações socioprofissionais
As relações dentro das empresas, em todos os níveis hierárquicos, devem ser permeadas pelo espírito colaborativo, e não pelo competitivo.
Práticas de gestão humanizadas
Uma gestão mais humanizada, com foco no diálogo e na orientação periódica dos colaboradores, traz para o ambiente um melhor relacionamento e produtividade.
Boa organização no trabalho
A organização física do ambiente de trabalho e também do quadro dos funcionários dá mais segurança e aumenta a confiança de todos os envolvidos.
E as fontes de mal-estar no trabalho, quais são?
O mal-estar no trabalho é medido da mesma maneira que as fontes de bem-estar, porém, com marcadores opostos – sentimentos contrários à alegria, por exemplo. Para avaliar corretamente essa sensação nas empresas, é essencial considerar grupos, e não apenas uma pessoa.
“Quando falamos em mal-estar no trabalho, não falamos de um indivíduo apenas, mas de uma natureza coletiva, compartilhada por vários membros de uma equipe e disseminada pelo contexto de uma organização”, esclarece o professor.
A sensação de mal-estar no trabalho torna-se perceptível em momentos de insatisfação, aborrecimento e constrangimento, além de “estar nitidamente associada à ausência ou participação coadjuvante das pessoas no processo de tomada de decisão daquilo que lhes competem. Isso porque todas as vezes em que um trabalho é pensado pelo outro, sem uma efetiva participação de quem vai executar, há, potencialmente, uma produção de mal-estar”, analisa Mário César Ferreira.
Além desse fator preponderante, o professor destaca também outras fontes do problema no ambiente corporativo, confira:
Condições precárias de trabalho
Equipamentos em más condições, instalações sujas e acessibilidade prejudicada são motivos que geram a sensação de mal-estar no trabalho.
Gerência autoritária
Líderes que se impõem de forma tirana não extraem o melhor de seus liderados e prejudicam a sua produtividade, uma vez que não dão espaço para que o trabalho se desenvolva em equipe.
Baixa perspectiva de crescimento pessoal e profissional
A falta de um plano de carreira, ou mesmo a baixa projeção de crescimento pessoal e profissional, tem tudo a ver quando falamos das fontes de mal-estar no trabalho e tem como consequência o aumento do índice de turnover.
Organização de trabalho produtivista
Uma companhia com líderes mais preocupados em gerar resultados, sem considerar a capacidade de trabalho e os limites humanos, leva ao aumento do mal-estar.
Não à toa, esta é uma lógica que também leva ao absenteísmo, sobretudo por conta de afastamentos por licença médica.
Como criar ações que evitam o mal-estar e aumentam o bem-estar organizacional?
Existem diversas formas de aumentar as fontes de bem-estar no trabalho e, consequentemente, diminuir as responsáveis pelo mal-estar. Segundo o professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, a primeira medida a ser tomada é buscar entender o cenário do mal-estar que potencializa a ocorrência de acidentes de trabalho e até mesmo o adoecimento dos profissionais. “É uma tomada de atitude que eu chamaria de natureza ética”, resume.
Além disso, deve-se partir para a tomada de ações que priorizam as fontes de bem-estar, como as listadas abaixo:
Mudança de postura
Não adianta a companhia realizar ações que promovam o bem-estar de seus colaboradores se não tiver uma equipe de líderes e gestores preparada para tal.
Avaliação com base científica de dados sobre os colaboradores
Todas as mudanças em uma empresa, principalmente as que vão ao encontro das fontes de bem-estar, precisam ser validadas antes por pesquisas internas e métodos seguros.
“Não é possível pensar em uma intervenção que promova bem-estar no trabalho sem um conhecimento científico preciso e apurado da realidade dos trabalhadores, dos seus respectivos contextos. E, embora muitas coisas possam aparecer em comum, em um coletivo dentro de uma empresa, há especificidades e peculiaridades que precisam ser identificadas”, ressalta Ferreira.
Por isso, a validação científica é tão necessária para atender colaboradores com perfis diferentes, em empresas distintas. “Produtos obtidos de diagnóstico malfeito ou com baixa confiabilidade, por efeito cascata, não surtirão os efeitos desejados. Como você vai desenhar uma ação de qualidade de vida no trabalho e promoção no bem-estar com base em uma fotografia falsa? Não é razoável”, conclui.
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