
Será que algum profissional da sua empresa está a ponto de desenvolver a famosa Síndrome de Burnout? O problema que atinge mais de 30% dos profissionais ativos, segundo pesquisa realizada pela Isma-BR (International Stress Management Association no Brasil), vem se tornando, é claro, uma importante causa de afastamento médico por comprometer a qualidade de vida do funcionário.
Mas quais seriam os perfis de colaboradores mais propensos a ter Burnout? Existe algo que as empresas e o próprio trabalhador podem fazer para evitá-lo? É o que vamos esclarecer agora, confira!
O que é a Síndrome de Burnout?
Como já dissemos por aqui, a Síndrome de Burnout refere-se ao esgotamento físico e mental causado pelo excesso de trabalho. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), trata-se de “uma síndrome resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso”.
O excesso de atividades corporativas tem se destacado como o principal fator desencadeante do problema, porém, o acúmulo de responsabilidades, a competitividade, o excesso de cobranças e até a falta de reconhecimento somam às suas principais causas.
Sintomas
O Burnout pode começar a se manifestar de maneira sutil. A falta de vontade de ir trabalhar, sem motivo justificável, tende a ser um dos primeiros sinais. Conforme a síndrome evolui, outros sintomas psicológicos e até físicos começam a surgir. Dentre os principais, destacam-se:
- Falta de concentração;
- Insegurança ou sentimento de fracasso;
- Mudanças súbitas de humor;
- Dores musculares;
- Dores de cabeça;
- Elevação da pressão arterial;
- Alteração dos batimentos cardíacos;
- Alteração no funcionamento gastrointestinal;
- Depressão, em casos mais graves.
Perfis de colaboradores mais propensos a ter Burnout
O risco de Burnout costuma ser maior em quem trabalha todos os dias sob pressão ou possui uma carga grande de responsabilidades, como os profissionais da área de saúde, policiais e professores. Mas isso não quer dizer que outros segmentos não sejam afetados.
Renata Arrepia, psicóloga e master coach da SBCoaching, reforça que o Burnout gera um esgotamento físico e mental em diversos profissionais, tirando deles condições cognitivas de responderem às necessidades do dia a dia, às tarefas que precisam executar ou aos problemas que precisam resolver.
“Nos Estados Unidos, há um estudo que constatou que, em média, 50% dos altos executivos tiveram suas carreiras descarrilhadas justamente por essa característica de não conseguir lidar com as pressões do dia a dia. O fato é que as pessoas querem entregar coisas que não são ‘entregáveis’, tentando a todo custo atender às demandas. Isso leva a quadros de esgotamentos muito grandes que impactam a vida profissional, mas também a pessoal.”
A especialista esclarece, ainda, que há alguns perfis de colaboradores mais propensos a ter Burnout. Descubra, abaixo, quais características comportamentais são mais comuns:
Perfeccionistas
Pessoas perfeccionistas costumam exigir muito de si mesmas. Aqui, o estresse causado pelo trabalho pode ser mais uma consequência da cobrança interna do que da externa.
Profissionais com esse perfil, geralmente, também assumem mais tarefas do que podem absorver, o que ajuda a elevar o risco de Burnout. Esse volume maior de afazeres leva ao aumento das preocupações e da sensação de “obrigatoriedade”, de “ter” que aceitar tudo e entregar tudo perfeito.
“São pessoas com dificuldades de aceitar erros. Elas não se permitem falhar e acabam gerando uma autocobrança muito grande, fazendo com que a carreira e o trabalho não funcionem mais. É importante lembrar que errar é normal, ainda mais com a agilidade do mundo corporativo, onde ontem era uma coisa e hoje já não é mais”, explica Renata.
Empolgados
O risco de Burnout também é maior em pessoas com alto nível de empolgação com suas funções. Esse entusiasmo impacta no relacionamento com as chefias, colegas de trabalho e pode até “bater de frente” com a cultura da empresa, fazendo com que o profissional espere que todos estejam com o mesmo nível de comprometimento que o seu.
Quando isso não acontece, surgem os sentimentos de negatividade, frustração, derrota e incompetência. Se não identificados brevemente pelos líderes, parceiros de equipe, ou pelo próprio funcionário, as chances de desenvolvimento do problema aumentam, levando a outras consequências.
Idealistas
Outro perfil de colaborador com mais risco de Burnout é o idealista. Se considerarmos a definição do Dicionário On-line de Língua Portuguesa, o adjetivo trata-se de uma “característica de quem é sonhador, visionário”.
Fazendo uma relação com a síndrome, temos aquele profissional que concebe uma situação ideal em sua mente (alcançar uma meta inatingível, subir de cargo, etc.) e, ao não a conseguir concretizá-la, entra também na questão da frustração.
Aqui, vale lembrar que outra característica é culpar os outros quanto ao próprio fracasso. Nesse caso especificamente, o trabalhador pode considerar a chefia ou outro colega de trabalho a causa da sua derrota e, assim, desencadear a síndrome.
O que fazer para evitar o Burnout?
Além das consequências físicas, emocionais e de relacionamento para o colaborador, o Burnout custa caro para as empresas. O problema afeta diretamente no rendimento do profissional, obrigando-o a se afastar para aderir ao tratamento. De acordo com a Isma-BR, o PIB (Produto Interno Bruto) de 2016 teve um prejuízo de 3,5% devido à queda na produtividade decorrente dessa condição.
Vale lembrar, também, que o Burnout pode ser o responsável pelo desencadeamento de outros problemas de saúde, que podem levar a um período de afastamento ainda maior, prejudicando a vida do trabalhador e a dinâmica de atividades e o próprio lucro da empresa.
Segundo a psicóloga e master coach da SBCoaching, a melhor maneira que o funcionário tem de evitar o Burnout é procurar ajuda. “No mundo corporativo é comum só pedirmos ajuda quando a situação está no limite. O normal é se sentir bem, não digo feliz o tempo todo, pois isso oscila, mas ter a sensação de bem-estar todos os dias. Se você não está se sentindo assim, é sinal de que algo precisa ser mudado”, reforça.
O primeiro passo, então, é conversar com a liderança imediata. Caso o líder direto não tenha como auxiliar, buscar apoio no RH que, mesmo não tendo ferramentas ou recursos, pode indicar que o trabalhador procure a ajuda de profissional como psicólogo ou psiquiatra, de acordo com cada caso.
“É interessante também ter hábitos que melhorem a química corporal, como manter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas regularmente e contar com o apoio de pessoas próximas e queridas, como familiares e amigos”, completa Renata.
Quanto às empresas, a orientação fica por conta de priorizar os resultados e não a maneira como eles são entregues. Para isso, vale pôr em prática as novas práticas do mercado, como flexibilidade no horário de trabalho e dress code, por exemplo. “Muitas empresas estão reforçando a importância daqueles que realmente trazem resultados para a organização: os colaboradores”, conclui.
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