Na era digital em que vivemos, o trabalho tem se misturado cada vez mais com a nossa vida pessoal. E como consequência desse contexto, uma mudança de comportamento tem chamado a atenção dos especialistas em gestão de pessoas: a migração do conceito “work life balance” para o modelo “work life integration”.
A seguir, falaremos melhor sobre cada um deles e explicaremos quais as suas implicações para empresas e colaboradores. Confira!
Por dentro dos conceitos “work life balance” e “work life integration”
Amplamente discutido por aqui, o “work life balance” pressupõe o tão sonhado equilíbrio entre a vida pessoal e a carreira. O problema é o que o conceito coloca as duas dimensões em lados opostos, provocando impactos nem sempre positivos.
“Ao darmos um pouco mais de atenção à carreira, colocamos a vida em desequilíbrio e vice-versa, aguçando a sensação de insuficiência, de culpa e de débito, pois quando estamos vivendo, estamos deixando de lado o trabalho, e quando estamos trabalhando, não estamos vivendo. O ‘work life balance’, portanto, acirra o conflito entre os domínios e gera uma relação ‘ganha-perde’”, explica Caroline Batista, terapeuta transpessoal especializada em Gestão do Estresse, coach, palestrante e criadora do método exclusivo “work life integration”.
Segundo a especialista, esta filosofia tem guiado a nossa forma de viver e trabalhar ao longo dos anos “e sido responsável pelo aumento do desengajamento, da insatisfação, frustração e, consequentemente, do estresse e da queda generalizada de produtividade e performance dos profissionais.”
Mas quando falamos em “work life integration”, a ideia é outra: o conceito sugere que tanto a vida privada quanto a profissional devem ser integradas. “É como se colocássemos, por exemplo, 70% do foco e da atenção na carreira e incorporássemos os outros 30% na família, na relação em sociedade e na relação com nós mesmos, estabelecendo percentuais dinâmicos e adequados a cada semana, dia ou mês”, explica Caroline.
Justamente por isso, passa haver uma relação de proximidade entre quatro dimensões – carreira/estudo, família, relação em sociedade e relação nós mesmos –, estimulando o entendimento de que “a vida é um ecossistema que precisa dessas quatro dimensões sendo alimentadas de forma dinâmica (e não equilibrada) para que seja cultivada a sensação de uma vida significativa e bem vivida. Trata-se de uma relação ‘ganha-ganha’, que permite à pessoa reduzir a sensação de sobrecarga e pressão, em prol de uma vida leve, produtiva e feliz”, conclui.
Como o “work life integration” auxilia os colaboradores?
O “work life integration” traz melhorias significativas tanto para colaboradores quanto para empresas. Dentre os benefícios mais expressivos, estão:
- Redução do estresse;
- Prevenção do burnout – esgotamento;
- Redução da sensação de estar em “débito” com as tarefas e a empresa;
- Aumento do bem-estar;
- Leveza e felicidade em todas as áreas da vida;
- Estímulo à criatividade;
- Melhora da capacidade de adaptação;
- Estímulo aos talentos individuais;
- Aumento da sensação de sentido e de significado perante a vida;
- Redução do absenteísmo;
- Prevenção do afastamento por motivos de saúde;
- Redução do estresse no ambiente de trabalho;
- Aumento do engajamento;
- Potencialização da produtividade e da performance no trabalho;
- Fortalecimento da sensação de pertencimento;
- Aumento da capacidade de resolver problemas;
- Aumento da iniciativa dos colaboradores.
Como as empresas devem implantar o conceito “work life integration”?
De acordo com Caroline Batista, o “work life integration” não é um modelo simples de seguir. “Estamos falando em adotar uma nova lente sobre a qual as pessoas vivem e trabalham, ou seja, uma quebra de paradigma, já que o modelo existente (“work life balance”) se estabeleceu desde a Revolução Industrial. É preciso reaprender a viver e trabalhar dentro do conceito ‘work life integration’ e, para isso, é preciso que as pessoas olhem mais para si mesmas, entendendo quem são e o que é importante e relevante em suas vidas”, analisa.
De qualquer forma, algumas iniciativas pontuais ajudam a estimular a adoção do conceito. São elas:
Promover o home office
O home office é um fator que contribui para a implantação do conceito “work life integration” por dar mais liberdade e confiança ao profissional, permitindo que ele desenvolva o seu trabalho e também fique mais próximo de sua família e tenha mais disponibilidade para compromissos particulares.
Praticar o day off
O day off é um benefício corporativo dado geralmente no dia de aniversário do colaborador, embora também possa ser estendido para outras datas determinadas pela companhia. Essa folga – remunerada ou não – promove um alívio mental e físico para a pessoa.
Reduzir jornadas
Algumas empresas já estão adotando o modelo de redução das jornadas de trabalho, saindo do tradicional horário comercial (das 9h às 18h) para aumentar a produtividade de seus colaboradores.
Segundo uma pesquisa conduzida pela VoucherCloud, no Reino Unido, diversos colaboradores de diferentes empresas afirmaram que trabalhariam melhor com menos horas de jornada. O estudo revelou, ainda, que a média declarada de tempo gasto para realizar todas as atividades de um dia era de 2h53.
Delimitar horas extras
Por vezes, as empresas precisam que alguns colaboradores trabalhem algumas horas a mais para dar andamento a projetos de prazos curtos e/ou ao desenvolvimento de novos negócios. O problema é que horas extras também significam mais carga de trabalho para o colaborador e mais custos para a empresa.
Portanto, delimitar esse recurso, seja por dia ou no montante geral, evita que o profissional prejudique a sua saúde e vida social, além de promover um melhor equilíbrio financeiro à companhia.
Oferecer benefícios corporativos
Cada colaborador tem um perfil diferente, com objetivos e necessidades diferentes entre si. Cabe à empresa, portanto, encontrar quais são os desejos em comum entre a maior parte de seus colaboradores para oferecer planos de bem-estar capazes de atendê-los.
Essa prática contribui para o engajamento e a retenção de talentos, aumenta a produtividade e o bem-estar corporativo, além de ir ao encontro ao conceito “work life integration”.
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