Quase um ano após o início da pandemia, já perdemos a conta de quantas vezes discutimos os impactos causados pela COVID-19 na vida de todos nós, brasileiros, seja do ponto de vista da saúde pública, educação, economia… Mas hoje queremos chamar sua atenção sobre como essa crise mundial sem precedentes também têm causado mudanças em nossas relações interpessoais.
Afinal, diante do medo de um possível contágio pelo coronavírus, dos desafios impostos por um novo formato de trabalho (muitas empresas sequer consideravam a adoção do home office), do isolamento social e da incerteza em relação ao futuro, muita gente passou a ter um novo olhar sobre a qualidade de seus relacionamentos, tanto no âmbito pessoal quanto profissional.
“O distanciamento nos afastou, mas nos permitiu analisar o quanto estamos envolvidos e o quanto a boa comunicação é necessária para criarmos laços e nos tornarmos presentes nas vidas uns dos outros. Creio que isso foi um ponto positivo para refletirmos sobre o quanto somos capazes de nos adaptar a novas situações e aplicar a empatia e paciência no âmbito pessoal e profissional”, analisa Melissa Santoro, psicóloga clínica e headhunter na Gobigger.
Mas o que mudou nas relações interpessoais dentro e fora do ambiente de trabalho?
Segundo a especialista, as mudanças mais relevantes na forma como nos relacionamos têm muito a ver com a tecnologia. “O relacionamento interpessoal passou a ter como base o mundo virtual, que apesar de ser algo visto anteriormente como impessoal e raso, hoje é o principal facilitador das relações, que nos possibilita estar acessível ao outro, com mais rapidez e também com um viés mais pessoal. Um exemplo disso é a reunião on-line em home office, na qual as pessoas acabam presenciando situações mais íntimas do cotidiano, como a família e os animais que aparecem ou interferem no vídeo, porém, todos estamos passando pela mesma situação, o que nos torna mais empáticos e compreensivos, construindo assim relações mais amáveis”, ressalta.
Quais os benefícios dessa mudança, sobretudo do ponto de vista profissional?
De acordo com a psicóloga clínica e headhunter, o contexto pelo qual estamos passando tem promovido diversas vantagens que envolvem desde a mudança do olhar que as pessoas tinham em relação ao home office – anteriormente visto como improdutivo, mas que agora passou a ser considerado um modelo de trabalho definitivo -, até novas estratégias de estruturação do trabalho pautadas, por exemplo, em metodologias ágeis “Isso foi um ponto positivo para a harmonia e colaboração no ambiente de trabalho, pois fortaleceu o senso de cooperação e coletividade.”
Mas não é “só” isso. Existem também outros benefícios, como:
- Maior conciliação da vida pessoal e profissional;
- Aumento da autonomia dos colaboradores;
- Conscientização sobre a importância dos cuidados com a saúde física e mental;
- Maior entendimento por parte das empresas de que o bem-estar dos funcionários impacta diretamente na produtividade.
Relações interpessoais de qualidade e bem-estar corporativo mais forte pós-pandemia
Como temos falado por aqui, a pandemia do novo coronavírus tem feito com que a gente olhe com mais carinho para a nossa saúde e bem-estar, inclusive no trabalho – e essa percepção já tem chegado nas empresas.
“Acho que elas passaram a ficar mais atentas, pois a mudança brusca no modo de se relacionar e trabalhar, teve reflexo na saúde emocional e produtividade dos colaboradores. Isso fez com que as empresas investissem na qualidade de vida de seu time, criando parcerias com academias e psicólogos. As pessoas passaram a entender a importância de cuidar da saúde e as empresas puderam readequar sua visão, entendendo que o bem-estar dos funcionários impacta diretamente na produtividade”, afirma.
Para Melissa, os benefícios a curto prazo são a conscientização de que cuidar-se emocionalmente e fisicamente é algo necessário. Já a longo prazo, a grande conquista será fazer disso uma política de trabalho permanente, que trará satisfação e bons resultados, desenvolvendo os colaboradores e, consequentemente, as próprias organizações.
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