Se você procurar a palavra empatia no dicionário, vai encontrar a seguinte definição: ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias”.
Na convivência com amigos e familiares, esse comportamento pode até ser mais fácil de ser colocado em prática. Porém, no ambiente de trabalho, onde precisamos nos relacionar com pessoas que não escolhemos, de culturas e hábitos diferentes dos nossos, como proceder?
Em tempos de pandemia, no qual todos nós sentimos medos e incertezas, levar essa habilidade para o meio corporativo é essencial para proporcionar aos colaboradores mais conforto, segurança, e claro, bem-estar.
Por que trazer a empatia para o meio corporativo
Como indicado pelo dicionário, empatia é a habilidade de se colocar no lugar do outro. Se considerarmos que uma das características do meio corporativo é a competitividade, em um primeiro momento, o conceito parece não ter muita relação com as empresas.
No entanto, os tempos mudaram. A pandemia do novo coronavírus fez com que o formato de trabalho fosse modificado, provocando mudanças também na relação entre os profissionais.
De acordo com Mariana Soriano, especialista de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo SERES, a importância de se praticar a empatia nas organizações está diretamente relacionada à manutenção do bem-estar dos colaboradores, à melhora na qualidade das relações interpessoais e a um clima laboral mais saudável e harmonioso.
O papel da empatia durante a pandemia
Trabalhando remotamente, por exemplo, muitos tiveram (e ainda têm) dificuldades para separar o ambiente familiar do profissional. Como consequência, o nível de estresse, quadros de ansiedade, depressão e casos de Burnout aumentaram consideravelmente.
Como já dissemos aqui, o medo de perder o emprego, ou de não entregar o esperado pelos superiores, tem feito com que muitos colaboradores trabalhem horas excessivas como forma de compensação.
Para quem continua trabalhando dentro do ambiente corporativo, a situação também não é muito diferente. O receio de um possível contágio e a incerteza quanto ao futuro têm mudado o comportamento dos profissionais, que sentem uma carga de exigência muito maior do que tinham antes da pandemia.
Por tudo isso, líderes e gestores (que também foram afetados por essas mudanças) precisam mudar a forma de ver e de se relacionar com os seus colaboradores – e é justamente neste ponto que entra a empatia.
“A chegada da pandemia foi um acontecimento inesperado e nunca antes vivenciado por nossa geração, um episódio marcado pelo medo, pela insegurança e, sobretudo, pela perda de milhares de vidas humanas. Com ela, fomos bruscamente removidos do ambiente seguro e previsível de nossas rotinas e o saldo dessa experiência se traduz, para muitos, em danos psicológicos e emocionais. Apesar do cenário ameaçador, as organizações precisaram se reinventar e apoiar a adaptação das pessoas à nova realidade. Foi então que se percebeu o quão essencial é agir com empatia para diminuir as barreiras impostas pelo distanciamento social e minimizar seus efeitos colaterais. A empatia vem sendo um recurso fundamental para lidar com as fragilidades humanas, diminuindo a impessoalidade nas relações, amenizando os impactos do novo normal e revigorando as forças, trazendo mais ânimo para seguirmos adiante”, destaca Mariana.
O impacto da empatia no bem-estar nas empresas
Além de humanizar as relações e fortalecer a cultura de bem-estar nas empresas, a prática da empatia no ambiente de trabalho impacta positivamente em diversos outros aspectos.
Entre os principais podemos destacar:
- Melhora da comunicação entre os profissionais;
- Aprimoramento das relações interpessoais;
- Maior capacidade de lidar com as emoções, tanto pessoais quanto dos outros;
- Aumento da sensação de confiança e de segurança dos colaboradores;
- Maior engajamento;
- Aumento da produtividade.
Para a especialista, a empatia dentro das organizações também:
- Potencializa as atitudes colaborativas e torna o trabalho em equipe ainda mais efetivo;
- Favorece a troca de experiências e conhecimentos;
- Desburocratiza as relações e as tratativas;
- Humaniza a gestão de pessoas;
- Desperta o senso de pertencimento e potencializa a retenção de talentos;
- Contribui com a redução de absenteísmo e turnover;
- Instaura um clima laboral mais amigável e mais saudável.
Como desenvolver a empatia no meio corporativo
Ainda que esteja claro que a empatia ajuda a aumentar o bem-estar nas empresas, sabemos que essa é uma habilidade que precisa ser desenvolvida e trabalhada diariamente.
“A empatia pode e deve ser uma prática constante no dia a dia. Não há contraindicação para ser empático. Colocar-se no lugar do outro, ter uma escuta ativa, ser solidário e demonstrar boa vontade, proporcionar proximidade e atenção são alguns exemplos do que pode ser feito. É incrível porque todas essas são atitudes que deveriam ser óbvias e involuntárias, mas, infelizmente, ainda estamos em processo de aprendizado para nos tornarmos espontaneamente mais empáticos.”
Mesmo que muitas pessoas entendam a importância desse comportamento, não é raro que algumas demonstrem dificuldade em colocá-la em prática. Contudo, existem alguns passos que podem ser seguidos que colaboram para o desenvolvimento da empatia, são eles:
Autoconhecimento
Para se tornar uma pessoa empática é fundamental conhecer a si mesmo. Afinal, como lidar com o comportamento e com os sentimentos do outro se não soubermos os nossos próprios limites?
Dentro desse conceito, o primeiro passo é orientar o profissional a fazer uma autoanálise e identificar os seus pontos fortes, fracos, as emoções que sente perante diferentes situações e como lida com cada uma.
Aprender a ouvir
Nem todo mundo sabe, verdadeiramente, ouvir. Na correria do dia a dia, o mais comum é somente escutarmos o suficiente para dar uma resposta ao outro. No entanto, quando se está buscando o desenvolvimento da empatia, é fundamental demonstrar real interesse no que a outra pessoa está dizendo.
Muitas vezes, quem lhe procura quer apenas desabafar, e não receber um feedback cheio de respostas vagas ou, pior, de opiniões que não condizem com a sua realidade e com o seu momento.
Em outras palavras, a empatia na promoção do bem-estar nas empresas, e em outros momentos das nossas vidas, inclui saber dialogar.
Se imaginar no lugar do outro
Uma tendência bem comum do ser humano, que precisa ser modificada, é julgar o outro frente a alguma situação.
Por exemplo, quando vemos um colega de trabalho tomar uma atitude pouco profissional, a primeira reação é rotulá-lo, mesmo sem saber o contexto real da história.
Mas quando se busca a empatia, é essencial se imaginar no lugar do outro. Ou seja, questionar a si mesmo: “como eu reagiria nesse caso?”
Muitas vezes, a sua resposta pode ser surpreendente – e é justamente esse entendimento que causa impacto na maneira como vemos e nos relacionamos com os outros.
Empatia: a nova soft skills
Seria a empatia, portanto, uma das novas habilidades interpessoais a ser requisitada aos colaboradores? Segundo Mariana, tudo indica que sim:
“Todo esse acontecimento nos fez reconhecer e confirmar que as pessoas são a força motriz que move os negócios, os mercados e a economia. É a integridade delas que devemos garantir, antes de tudo, para que as organizações se perpetuem. Relações baseadas na imposição, no medo e na ameaça não fazem mais sentido. Estamos comprovando que, nas situações de maior instabilidade e insegurança, é com empatia que avançamos e que garantimos os resultados e os nossos objetivos. Dessa forma, a empatia passa, sim, a ser considerada uma competência essencial para qualquer modelo de negócio, em todo tipo de segmento e para empresas de todos os portes”, conclui.
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