
Devido ao período pra lá de conturbado que enfrentamos desde março de 2020 por causa da pandemia do novo coronavírus, liderar não tem sido uma função fácil para a maioria dos executivos brasileiros. Diante de uma crise mundial sem precedentes, a figura de líderes eficientes nunca foi tão necessária dentro das empresas para transmitir, sobretudo, segurança aos colaboradores.
“Liderar na incerteza está sendo um grande desafio. O cenário muda a cada semana, às vezes, a cada dia. Além disso, a demissão, a suspensão de contratos e o gozo forçado de férias dos colaboradores diminuíram a capacidade do trabalho em equipe, obrigando o/a líder a otimizar os processos e a dividir as tarefas. Por essa razão, a liderança deve ser transparente na sua fala, deixando o time ciente de todas as decisões da empresa e atualizado a cada mudança de cenário, se mostrar disponível para ouvir o time, entendendo suas dificuldades, sentimentos e medos, além de estar atenta para sinais de esgotamento físico e mental dos colaboradores, mantendo uma linha aberta e direta de diálogo nesse sentido. Se a empresa tiver condições, vale disponibilizar, inclusive, atendimento psicológico para os colaboradores, evitando, assim, o seu afastamento do trabalho. Afinal, investir em saúde é investir em resultados”, analisa Henrique Canfield, professor de Gestão de Pessoas, especialista em Liderança e treinador de líderes.
Investir na saúde mental do colaborador, como já dissemos por aqui, já virou uma premissa básica para qualquer empresa que deseja manter a produtividade e tornar-se competitiva no mercado, sobretudo na pandemia. E dados de uma pesquisa recente realizada pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) comprovam isso. De acordo com o estudo, o número de pessoas depressivas praticamente dobrou durante a quarentena. Os quadros de ansiedade e estresse também tiveram aumento de 80%.
O perfil dos líderes eficientes mais valorizados durante a pandemia
De acordo com o especialista, existem características que passaram a ser mais valorizadas em um líder neste contexto de pandemia.
“A característica que será muito valorizada na relação empresa – líder é a capacidade de se adaptar a mudanças de cenários e rapidamente reorganizar a equipe. Já na relação líder – time, a confiança está em alta, juntamente com autonomia de trabalho. Como o desenvolvimento de novas competências, destaco a gestão pela autorresponsabilidade e a curiosidade por tecnologia. Gestão do tempo, priorização de tarefas e aperfeiçoamento da comunicação também serão necessários. Acredito que, para um líder com estilo de comando e controle, será um grande aprendizado ter seu time trabalhando a distância e podendo ver resultados satisfatórios”, indica Canfield.
Além disso, cabe às lideranças também ajustarem suas ações de acordo com quatro pilares fundamentais para qualquer organização: pessoas, cultura, processos e ferramentas.
“Falo nos meus treinamentos de liderança para executivos que o bom líder é forjado nas dificuldades. Liderar quando a empresa está sustentável, o clima está bom e o salário em dia já é um desafio. Mas é num momento de redução de jornada de trabalho, demissões, suspensão de contratos e incertezas que o bom líder aparece. Saber executar a estratégia da empresa e estimular o time está sendo a maior exigência das lideranças. Não é mais tolerado um líder com práticas de ameaças, gerador de tensões desnecessárias e que não tenha uma comunicação clara e transparente. Ser autêntico e coerente com as ações deixará a equipe muito mais confiante, mesmo que seja para demitir, se necessário, e ter conversas difíceis com o time”, ressalta.
O que o presente e o futuro exigem das empresas e dos chamados líderes eficientes?
Em um mundo que mudou com mais velocidade por causa da pandemia, é preciso que os líderes tomem ações alinhadas aos novos comportamentos, tecnologias e relações humanas que o futuro já está exigindo.
Veja quais são as principais atitudes e tendências exigidas para o pós-pandemia, segundo Henrique Canfield:
- Ter maior presença digital entre empresa-líder-time;
- Reconsiderar deslocar líderes para reuniões presenciais e conferências em outros estados e cidades;
- Tornar líderes ainda mais digitais;
- Fazer treinamentos relacionados ao uso de novas ferramentas digitais para garantir habilidades digitais a times e líderes;
- Reengenharia e downsizing, ou seja, foco nos processos e fluxos de trabalho mais eficientes com otimização de pessoal e custos;
- Mudança de mentalidade; essa será a maior mudança;
- Novos modelos de negócios.
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