
Você está no mercado, fazendo algo simples do dia a dia, quando de repente sente o coração disparar, o ar faltar e uma onda de medo tomar conta. Parece um infarto, mas os exames dizem que está tudo bem. Essa sensação tem nome: síndrome do pânico.
Um transtorno real, comum, mas ainda cercado de dúvidas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2% a 4% da população mundial sofre com a condição. No Brasil, uma pesquisa da Pfizer revelou que, em 2020, quase 4% dos brasileiros conviviam com o problema — 71% deles, mulheres.
A seguir, você vai entender tudo sobre a síndrome: o que é, como identificar, como controlar uma crise e o que diferencia o pânico da ansiedade. Se você já passou por algo parecido ou conhece alguém que passou, vale a leitura até o fim.
O que é síndrome do pânico?
A síndrome do pânico é um transtorno de ansiedade marcado por crises repentinas de medo extremo e sintomas físicos intensos, mesmo sem motivo real. Durante uma crise, o cérebro interpreta que está diante de uma ameaça — mesmo que você esteja em um ambiente seguro, como em casa ou no trabalho.
Essa resposta é causada por uma falha no sistema de alerta do cérebro, que ativa a reação de “luta ou fuga” sem necessidade. O corpo libera adrenalina, a frequência cardíaca sobe, a respiração acelera, e a pessoa sente como se estivesse à beira da morte.
Quais são as causas?
Ainda não existe uma causa única comprovada para a síndrome, mas os especialistas apontam duas hipóteses principais. A primeira envolve fatores genéticos: estudos indicam que familiares de primeiro grau de pessoas com o transtorno também podem desenvolver o problema. A segunda hipótese envolve uma disfunção neurológica do sistema de alarme cerebral, que reage de forma exagerada ou equivocada a estímulos comuns, como se fossem ameaças reais.
A síndrome do pânico pode aparecer sozinha, mas também é comum surgir associada a outros transtornos, como ansiedade generalizada, fobias específicas ou depressão. E por mais assustadoras que sejam as crises, é importante saber: elas têm tratamento e controle. Continue lendo para descobrir.
Quais os sintomas da síndrome do pânico?
Os sintomas surgem de forma súbita e atingem o pico em poucos minutos. Podem ser físicos, emocionais e até comportamentais.
Sintomas físicos:
- Palpitações, coração acelerado
- Falta de ar ou sensação de sufocamento
- Tontura, vertigem, desequilíbrio
- Náusea ou desconforto abdominal
- Tremores, calafrios ou suor excessivo
- Dor no peito ou sensação de pressão
- Formigamento nos braços, mãos ou rosto
Sintomas emocionais:
- Medo de morrer
- Medo de enlouquecer
- Sensação de perda de controle
- Sensação de que o ambiente ou o próprio corpo não são reais
Sintomas comportamentais:
- Evitar lugares onde já teve crise
- Parar atividades por medo do pânico voltar
- Isolamento social
Depois da crise, é comum surgir o chamado medo do medo — a pessoa passa a viver com ansiedade constante, temendo que a próxima crise possa surgir a qualquer momento.
Como identificar uma crise de pânico?
Uma crise de pânico se instala sem aviso prévio. Pode acontecer em qualquer lugar, mesmo em momentos de descanso ou lazer. Os sintomas aparecem do nada e fazem a pessoa acreditar que está tendo um infarto, um AVC ou morrendo.
A principal diferença em relação a outras condições físicas é que os exames não apontam alterações. No hospital, tudo está “normal”, mas por dentro, o sofrimento é real.
Geralmente, uma crise de pânico tem:
- Início súbito
- Ponto de pico entre 5 e 10 minutos
- Duração de 15 a 30 minutos
- Sensação intensa de medo e urgência
Como prever uma crise de pânico?
Embora pareçam surgir do nada, muitas crises de pânico dão sinais antes de se instalarem completamente. Algumas pessoas percebem uma mudança na respiração — que fica mais curta e acelerada — ou uma tensão crescente no pescoço e no estômago.
Outras sentem um aperto no peito ou começam a ter pensamentos catastróficos, como “vai dar tudo errado” ou “vou morrer”, mesmo em situações cotidianas. Esses sinais, muitas vezes sutis, podem indicar que o corpo está entrando em estado de alerta.
Além disso, certos gatilhos contribuem para a chegada da crise: locais muito cheios, excesso de barulho ou luz, momentos de estresse extremo e até lembranças de traumas passados. Quando esses elementos se acumulam, aumentam a chance de o cérebro acionar, erroneamente, o “modo de sobrevivência”.
Reconhecer esses sinais precoces é fundamental. Ao perceber o que antecede a crise, é possível aplicar técnicas de controle antes que os sintomas se intensifiquem.
O que devo fazer durante uma crise de síndrome do pânico?
Se você perceber que uma crise começou, respire. O seu corpo está em alerta, mas você não está em perigo.
O que fazer:
- Controle a respiração: inspire profundamente pelo nariz, segure por 2 segundos e expire lentamente pela boca. Faça isso por 3 a 5 minutos.
- Use o grounding: olhe para 5 objetos ao redor, toque em 4 superfícies diferentes, identifique 3 sons, 2 cheiros e 1 sabor.
- Fale consigo mesma: diga em voz baixa ou mentalmente “isso vai passar”, “eu estou segura”, “é só uma crise”.
- Fique onde está: se puder, evite fugir. Fugir reforça o medo e dificulta o controle nas próximas crises.
O que não fazer:
- Não se culpe
- Não tente “forçar a calma”
- Não tome medicamentos por conta própria
Se for possível, avise alguém de confiança e peça apoio, mesmo que seja só pra ficar por perto.
Como controlar e tratar a síndrome do pânico?
O tratamento da síndrome do pânico envolve três frentes principais: psicoterapia, medicação (quando indicada) e mudanças no estilo de vida.
1. Psicoterapia
A abordagem mais indicada é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Com ela, o paciente aprende a identificar os pensamentos distorcidos que levam à crise e a desenvolver ferramentas para enfrentá-la com mais equilíbrio.
A TCC ajuda a:
- Reduzir o medo da próxima crise
- Enfrentar situações que causam pânico
- Reconstruir a confiança no próprio corpo
2. Medicamentos
Em alguns casos, o psiquiatra pode prescrever antidepressivos (como os inibidores de recaptação de serotonina) e, em fases iniciais do tratamento, ansiolíticos de uso controlado.
Esses remédios não viciam quando usados corretamente, com acompanhamento médico, e são fundamentais para estabilizar os sintomas em quadros mais intensos.
3. Estilo de vida saudável
- Pratique atividade física regularmente
- Mantenha uma rotina de sono estável
- Reduza o consumo de álcool e cafeína
- Evite a automedicação
- Tenha momentos de descanso e prazer
Qual exame detecta síndrome do pânico?
Não existe um exame de sangue ou imagem que confirme, por si só, o diagnóstico da síndrome do pânico. O que acontece, na prática, é um processo de exclusão: os médicos solicitam exames como eletrocardiograma (ECG), hemograma completo, avaliação hormonal (incluindo TSH, T3 e T4) e, em alguns casos, eletroencefalograma. Estes testes ajudam a descartar outras causas físicas para os sintomas, como doenças cardíacas, distúrbios hormonais ou neurológicos.
Quando os resultados não apontam alterações orgânicas, o próximo passo é uma avaliação clínica feita por um psiquiatra ou psicólogo, que analisa o histórico da pessoa, os sintomas recorrentes e o impacto na vida cotidiana. Ou seja, a síndrome do pânico é diagnosticada por escuta qualificada e observação e não por um exame isolado.
Qual a diferença entre síndrome do pânico e ansiedade?
Muita gente confunde os dois, mas eles são diferentes:
Ansiedade | Síndrome do Pânico |
É constante, ligada a preocupações reais ou antecipadas | É súbita, intensa e imprevisível |
Evolui ao longo do dia | Acontece em minutos e atinge o pico rapidamente |
Pode causar desconforto | Causa sensação de morte iminente |
Pode ser controlada com técnicas leves | Precisa de tratamento específico |
A síndrome do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade, mas mais grave e limitante.
Síndrome do pânico tem cura?
Sim, a síndrome do pânico tem tratamento e, em muitos casos, é possível alcançar a remissão completa dos sintomas. Mas é importante ajustar as expectativas: nem sempre “cura” significa que a pessoa nunca mais terá nenhuma crise. O que se busca, na prática, é o controle, a capacidade de reconhecer os sinais, aplicar estratégias eficazes, manter a autonomia e voltar a viver com liberdade e segurança.
Com o tratamento adequado, muitas pessoas conseguem deixar de lado o medo constante e retomar atividades que haviam abandonado, como trabalhar, viajar, frequentar eventos e até andar de metrô sem receio. E esse processo, embora individual, costuma ter três pilares principais: psicoterapia, uso de medicamentos prescritos por psiquiatras e mudanças no estilo de vida que favoreçam o bem-estar emocional.
É claro que o tempo de recuperação varia de pessoa para pessoa. Algumas melhoram em poucos meses; outras, ao longo de alguns anos. Mas a melhora acontece. E começa, quase sempre, com um ato simples e corajoso: pedir ajuda.
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