
Você já ouviu falar em habilidades interpessoais? Também denominadas de soft skills, elas são, na verdade, um conjunto de competências ligadas ao comportamento humano que faz a diferença nas relações dentro do ambiente de trabalho. Não à toa, desenvolvê-las tem sido cada vez mais importante para líderes e gestores, sobretudo em momentos difíceis como o que estamos enfrentando agora.
A seguir, nós vamos explicar os motivos pelos quais os RHs das empresas devem treinar seus profissionais para que eles desenvolvam habilidades interpessoais e o quanto isso pode contribuir para o bem-estar corporativo e a conquista de bons resultados.
Por dentro das habilidades interpessoais
De acordo com Douglas Camillo, coach executivo, consultor empresarial e professor do curso de Gestão de Recursos Humanos da EAD Unicesumar, “habilidades interpessoais estão relacionadas a duas estruturas chaves: as características naturais da personalidade e o nível de autoconhecimento. A soma gera, então, a capacidade de interagir com pessoas em todos os níveis organizacionais ou até mesmo sociais. Entre essas habilidades interpessoais no mundo corporativo, posso citar como base a comunicação, interação, maturidade, inteligência emocional, capacidade de adaptação, flexibilidade e a capacidade de trabalhar em equipe.”
Algumas das principais habilidades interpessoais
Ao contrário da vida pessoal, em que escolhemos com quem iremos nos relacionar, no mundo corporativo, a convivência com indivíduos com ideias e costumes diferentes costuma ser imposta.
Ainda que seja preciso trabalhar em equipe, essa mescla de personalidades e posturas pode gerar atritos, comprometendo a dinâmica da empresa e os resultados que precisam ser alcançados.
Uma forma de resolver essa questão é oferecendo condições para que os profissionais, especialmente líderes e gestores que influenciam diretamente, e diariamente, no comportamento dos demais colaboradores, desenvolvam habilidades interpessoais como as listadas abaixo.
Comunicação
Um bom relacionamento só se mantém se houver uma boa comunicação. Para quem ocupa uma posição de liderança, então, essa é uma das primeiras habilidades interpessoais que precisa ser trabalhada.
A comunicação consiste não apenas em saber falar claramente e cuidar para que a ideia seja transmitida e recebida da maneira certa. Saber se comunicar também envolve ouvir e dar espaço para o outro se expressar.
Além disso, é preciso se atentar à comunicação não-verbal, ou seja, às expressões que se manifestam através do corpo, como postura, tom de voz, olhar, etc. Por isso, aqui também entram a cordialidade, a simpatia e o respeito ao próximo durante as interações.
Empatia
Assim como saber ouvir é importante, aprender a se colocar no lugar do outro é fundamental para compreender melhor atitudes e reações de terceiros. Gestores que têm a empatia – tão falada nestes tempos de pandemia – como uma de suas habilidades interpessoais entendem melhor os colaboradores, fornecem feedbacks mais sinceros e construtivos e buscam soluções mais adequadas para os problemas.
Autoconhecimento
Mas para conseguir entender bem a outra pessoa é essencial conhecer a si mesmo. Por isso, o autoconhecimento é uma característica que os líderes também precisam desenvolver.
Conhecer os próprios limites, identificar quanto determinadas ações influenciam a si e aos outros é um excelente caminho para reduzir conflitos de relacionamento.
Liderança
Dizer que um líder precisa ter postura de liderança pode parecer algo redundante. Porém, muitos profissionais que ocupam postos de chefia não têm essa habilidade desenvolvida.
Não é raro se deparar com lideranças que acreditam que seu papel é distribuir serviço e cobrar resultados. No entanto, há muito mais por trás desse tipo de cargo.
Entre as habilidades interpessoais, a liderança é essencial para que o profissional saiba negociar com seus subordinados e superiores, ser influente de maneira positiva, gerenciar situações de estresse, incentivar o trabalho em equipe, motivar cada profissional e, com isso, obter o melhor de cada um.
Assertividade
Ainda que muitas tarefas de uma empresa sejam planejadas, não são raras as situações nas quais é preciso tomar uma decisão rápida e firme de maneira inesperada.
Por conta disso, a assertividade está entre as habilidades interpessoais que os gestores precisam ter. Isso é necessário também porque, muitas vezes, não basta decidir algo rapidamente, é preciso sustentar a decisão e comprovar o motivo de ela ser a melhor naquele momento.
Vantagens de desenvolver habilidades interpessoais
Segundo Camillo, as empresas que estiverem conectadas com essa nova tendência de gestão de pessoas terão mais qualidade no nível de profissionalismo não só neste momento difícil, mas também nos próximos anos.
Já para o colaborador, é uma oportunidade de crescimento profissional e pessoal. “É uma questão de sobrevivência no universo corporativo. A postura funcionário está diretamente relacionada a metas, resultados, necessidades dos clientes internos e externos, qualidade, investimentos, entre outros”, ressalta.
Para a empresa, as habilidades interpessoais desenvolvidas ajudam a trazer resultados positivos, como:
- Melhora do clima organizacional da empresa;
- Fortalece a cultura de bem-estar;
- Reduz as taxas de turnover;
- Aumenta a produtividade;
- Gera mais resultados;
- Retém talentos.
“Os pontos de conexão entre empresa e profissional são os objetivos maiores dos negócios. Nesse espaço, não há lugar para vaidade, ego ou individualismos. Quando o time tem visão do sucesso coletivo e cada um colabora com suas competências e habilidades particulares, a empresa é transformada num ambiente extremamente positivo, criando naturalmente uma cultura de bem-estar corporativo. Com isso, não são mais necessárias tantas normas ou regras, pois essas já estarão embutidas nas mentalidades e no comportamento de cada colaborador”, reforça o coach executivo, consultor empresarial e professor do curso de Gestão de Recursos Humanos da EAD Unicesumar.
Como promover o desenvolvimento das habilidades interpessoais?
O especialista orienta que empresas inteligentes possuem uma área de Gestão de Pessoas. Somado a isso, é importante salientar que é função do RH organizar e controlar as informações de desenvolvimento de competências, habilidades, remuneração e carreira.
Por isso, sua indicação é que se tenha um calendário de treinamento para desenvolvimento de competências, organizado por períodos, setores, necessidades e nível de aprendizado. Também é importante analisar a evolução e os resultados obtidos com as pessoas treinadas.
Ou seja, a ideia é desenvolver treinamentos de competências para os gestores. Porém, isso deve ser feito por profissionais com alto nível de capacidade para treinar executivos, como coachs e especialistas em treinamento comportamental.
Isso é importante, pois, ainda que o RH planeje o desenvolvimento das habilidades interpessoais, em via de regra, o setor está mais voltado para as rotinas operacionais. Além disso, por estar ligado hierarquicamente, não tem apoio para treinar e dar feedback para superiores.
Assim, a forma mais eficiente é por meio de profissionais sem vínculo direto com gestores da organização. “Uma empresa de sucesso é feita por pessoas de sucesso, e só alcança isso quem treina. Sem treinamento não existe desenvolvimento, sem desenvolvimento não existe engajamento, sem engajamento não existem resultados”, finaliza.
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