A mudança drástica da rotina, a implementação do home office e o medo do futuro são apenas alguns dos fatores que têm acendido o alerta para o aumento de casos de Burnout na pandemia.
Como já dissemos por aqui em outra oportunidade, o problema causado pelo esgotamento físico e mental devido ao excesso de trabalho acomete mais de 30% dos trabalhadores brasileiros, segundo a ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil) e pode atingir um número ainda maior de profissionais em meio à crise instaurada no país pelo novo coronavírus.
Diante desse contexto, o que as empresas e os colaboradores podem fazer para evitar, ou amenizar, essa condição?
Por que há tantos casos de Burnout na pandemia?
Como dissemos, a pandemia tende a favorecer o desenvolvimento de novos casos de Burnout. Afinal, sem aviso prévio, diversos profissionais, dos mais variados segmentos, foram obrigados a migrar para o regime de home office. E além de adaptarem suas residências para que pudessem desempenhar suas funções, muitos deles tiveram de conciliar a nova rotina com a dos demais membros da família, que cumprem a quarentena desde março deste ano.
“Com a rotina completamente alterada e o home office como opção quase predominante, os colaboradores já não têm mais distinção entre o ambiente corporativo e a vida pessoal. Tudo faz parte do mesmo ambiente e isso pode ser um agravante. Esse fator, isoladamente, dificilmente geraria um caso de Burnout, mas o acúmulo de trabalho, a dificuldade de fazer pausas e de manter a carga horária (muitas pessoas a excedem no home office), somado aos problemas corporativos pré-existentes, podem contribuir para esse surgimento”, salienta Fabíola Luciano, psicóloga e especialista em terapia cognitiva comportamental pela USP.
Para alguns, essa adaptação pode até ter sido fácil. Mas para quem nunca teve contato com esse regime de trabalho, ajustar vida familiar e profissional dentro de um mesmo ambiente, além de ter de lidar com o medo natural provocado pela COVID-19, tornou-se um verdadeiro desafio.
Nesse trajeto para conseguir lidar com tudo ao mesmo tempo, muitos profissionais também sentem a necessidade de apresentar resultados melhores, como prova de que estão realmente cumprindo suas demandas.
Há, ainda, aqueles que, com dificuldade de adequar os horários, acabam fazendo jornadas de trabalho exaustivas, muito maiores do que faziam quando atuavam presencialmente.
Além disso, não podemos deixar de citar o medo do desemprego que, até o presente momento, já atingiu 13,8 milhões de brasileiros, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse fato pode fazer com que os trabalhadores se cobrem ainda mais, mesmo que a empresa não tenha imposto essa cobrança, o que pode desencadear facilmente casos de Burnout durante a pandemia, especialmente em pessoas mais propensas.
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Identificando a Síndrome de Burnout na pandemia e como agir
De acordo com Fabíola, “o Burnout é um quadro ocasionado pela relação com o trabalho, mas, inevitavelmente, afeta a vida pessoal.”
Dentre os principais sintomas do problema, estão:
- Dificuldades de envolvimento e energia para com o trabalho;
- Falta de perspectiva de mudança das situações que geram incômodo;
- Queda de produtividade;
- Irritabilidade;
- Nível de estresse mais elevado.
Além disso, pode haver:
- Problemas com a qualidade do sono, incluindo insônia ou hipersonia;
- Alterações de apetite;
- Diminuição de prazer pelas atividades;
- Isolamento;
- Entristecimento.
Obviamente, o diagnóstico só pode ser feito por um profissional. Contudo, é bem importante que as empresas acompanhem os hábitos de saúde de seus colaboradores, especialmente durante a pandemia. Esse cuidado, além de preservar a saúde e manter o bem-estar, ajuda a aumentar a produtividade dos funcionários.
Mas uma vez feito o diagnóstico, a psicóloga orienta que a pessoa precisa reavaliar o que a levou até essa condição e buscar ajuda.
“Seja uma rede de apoio familiar ou profissional, é importante ter amparo. Entrar em Burnout não é algo que acontece ‘de repente’, há todo um processo que, em geral, a pessoa não percebeu. Por isso, é importante uma avaliação dos fatores que contribuíram para esse quadro. Entender esse caminho é válido para não permanecer nesse lugar e buscar rotas alternativas. Muitas vezes, também é necessária uma reavaliação da vida como um todo.”
Para isso, a orientação é fazer perguntas como:
- Que lugar o trabalho ocupa na minha vida?
- Como o trabalho e questões pertinentes a ele assumiram esse lugar a ponto de gerar o adoecimento?
- Como está o meu autocuidado?
- Como tenho vivido a vida pessoal?
- Tenho dedicado tempo de qualidade para o que é importante para mim?
“Essas são perguntas que devem ser respondidas para que se consiga buscar formas mais saudáveis de equilibrar todos os aspectos da vida, e não somente o campo profissional”, completa a especialista.
Como evitar casos de Burnout durante e pós-pandemia?
Aos funcionários, cabe encontrar uma maneira de buscar equilíbrio. “Não é saudável depositar toda energia em um só lugar, por isso, dividir tempo e energia é necessário. Precisamos encontrar tempo e formas de fazer isso para não sermos obrigados a olhar a partir do surgimento dos sintomas”, alerta.
Já do ponto de vista das organizações, é fundamental lembrar que a forma de lidar com os profissionais mudou muito. “Todas as atividades corriqueiras estão sendo executadas de forma diferente. O papel da empresa é apoiar o desenvolvimento dos colaboradores, compreendendo o atual cenário. Estabelecer e fazer valer a carga horária, sem exceder as horas de trabalho, e cuidar da manutenção de uma relação saudável entre líderes e liderados para não levar um ambiente tóxico para dentro da casa do colaborador são parte desse cuidado. Para ajudar no tratamento, primeiro é importante compreender que, no Burnout, a causa do adoecimento sempre é a empresa. Então é preciso manter o constante interesse e compromisso de avaliar o clima e a cultura organizacional, de forma que ativamente sejam corrigidas práticas abusivas ou inadequados que contribuam para o desenvolvimento do Burnout durante e depois da pandemia”, conclui Fabíola.
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