Não basta ter um plano de bem-estar corporativo, é preciso engajar os colaboradores na jornada em busca de maior qualidade de vida
A jornada do colaborador no ambiente de trabalho, quando favorável, de fato promove a retenção de talentos. De acordo com o estudo Global Talent Trends, realizado pelo LinkedIn, 96% dos profissionais consideram que esta experiência é um fator importante para continuar na companhia. Esta é uma prova de quanto é fundamental oferecer um plano de bem-estar corporativo que atenda as diversas necessidades do púbico interno.
Para Luis González, CEO e cofundador da Vidalink, além da cultura em trabalhar a importância dos gestores olharem, ouvirem e falarem com suas equipes, existe a figura de uma psicóloga que atua com teleterapia na empresa. Trata-se um pacote integral que inclui, ainda, um plano de bem-estar corporativo que atende o colaborador em 4 pilares. E subsídio de medicamentos relacionados à saúde mental.
“Em certo momento, vimos que muitos colaboradores não usavam esses benefícios. Assumimos, então, o compromisso do gestor interagir cada vez mais com seus times. Com o objetivo de detectar vulnerabilidades da equipe”, detalha o CEO.
Outra frente responsável pelo capital humano da empresa divulgou intensamente os benefícios para que todos os entendessem e se se sentissem incentivados a utilizar cada um deles.
Estas iniciativas motivam o colaborador que, muitas vezes, não vai dizer espontânea e francamente: “sim, eu preciso disso”. Há diversas estratégias para influenciar a adesão aos programas de qualidade de vida.
Por que atuar com saúde mental num plano de bem-estar corporativo?
Ainda segundo González, muitas organizações já vem pensando em diversidade de gênero, idade, etnia, orientação sexual, etc. Mas poucas abordam a diversidade de saúde mental de forma inclusiva. Afinal, o Brasil é o quarto país do mundo em casos de depressão. Então, em qualquer empresa, há pessoas com necessidades no âmbito da saúde mental.
Antigamente, havia empresas que, ao descobrir um colaborador com saúde mental comprometida, optavam pela demissão. “Quando 6 a 10% da população estão com depressão, isso não faz sentido. É desumano”, complementa o CEO.
Na mesma medida em que as empresas têm um grupo de pessoas com diabetes e outras patologias, deve-se considerar os colaboradores com depressão. Mas, o que fazer pra que essas pessoas tenham uma vida normal, equilibrada, produtiva profissionalmente e com o apoio necessário?
“Temos que apoiar e provar que somos empresas inclusivas de fato. Enxergar a realidade, acolher e suportar. E não aumentar ainda mais o estigma que já existe em relação ao tema”
Como lidar com as empresas que não favorecem a saúde mental?
É um grande desafio atuar numa empresa assim. O RH deve buscar formas de mudar isso. Esta área tem um papel extremamente estratégico porque é quem mais entende de gente.
“E não tem como atuar de modo diferente se a mudança de mindset não começar pelos líderes. Se eles não estiverem abertos pra essa quebra de paradigmas, nada vai funcionar”. A opinião é de Magali Frare Correa, gerente executiva de capital humano da Vidalink
Vale destacar que o trabalho de sensibilização e humanização não acontece de uma hora pra outra. É um processo constante. A Vidalink tem um programa voltado à liderança que começou há anos. Diretores e gerentes cascateando pra líderes e assim sucessivamente.
Estamos falando de gestores inspiradores e humanizados em termos de atitudes e comportamentos no dia a dia.
“Fazemos, por exemplo, rodas de conversas nas quais mais que falar sobre técnicas e estilos de liderança, abordamos o que é ser líder na Vidalink. O González é o patrocinador. E os parceiros estratégicos garantem o alinhamento do discurso e da prática utilizando uma linguagem comum.”
Também são demonstrados fatos e dados, como o impacto da utilização do plano de bem-estar corporativo no absenteísmo, no turnover, na produtividade e na qualidade de vida de todos os colaboradores. Existe, ainda, o lado financeiro. Empresas que adotam um plano de bem-estar corporativo também acabam tendo melhores resultados com a redução de custos.
Porque existe uma conexão muito grande entre os programas de saúde mental e o uso dos planos de saúde pelos colaboradores. Na Vidalink, em plena pandemia do coronavírus, as pessoas usaram menos o plano de saúde, conforme dados internos.
Nos anos anteriores, a empresa também apresentou de 5 a 10% de redução de custos com isso. A implantação de beneficios corporativos voltados à saúde e à qualidade de vida agrega pro alcance de melhores resultados.
Desafios a serem vencidos x limites
Um cuidado que toda empresa deve tomar, de acordo com González, é não permitir a liderança tóxica que almeja maior produtividade impondo uma pressão descabida aos colaboradores. Não se pode esquecer que tudo tem limite.
Outro aspecto relevante é que nos últimos anos, tem havido uma maior rotatividade de funcionários em organizações de todos os portes e segmentos de atuação. E as empresas podem aproveitar o lado positivo desta mudança recente.
“Se você tem alguém que não interage bem com seus liderados e decide sair da sua empresa para uma outra oportunidade, o RH deve ficar atento e ter maior empenho na seleção do substituto. É crucial olhar para o lado comportamental dos candidatos. A chance de trazer pessoas mais humanas e mais aderentes à cultura da empresa precisa ser aproveitada”.
Com ou sem orçamento
Hoje um programa de saúde mental é acessível às empresas e pode atender diversos orçamentos. Até mesmo aquelas com verba zero até as altamente lucrativas. Uma organização sem recursos financeiros, mas que deseja implementar um programa mais robusto, pode dar o primeiro passo praticando uma nova relação entre líderes e liderados.
Priorizando a relação olho no olho, a empatia, a escuta afetiva e o olhar atento para as pessoas. Somente esta postura já têm impacto positivo e direto na saúde mental dos colaboradores. O que não pode é saber que alguém está sofrendo e não fazer nada. O custo da inércia, este sim pode ser muito alto.
Já quem oferece um plano de bem-estar corporativo tem um retorno substancial. A cada R$ 1 real investido, a empresa pode recuperar até 5 vezes este montante em resultados positivos. “É um investimento que reduz custos por meio de um trabalho preventivo. Lembrando, ainda, do impacto no clima organizacional.” – finaliza González.
Motivação, engajamento e propósito: um novo cenário
Luciane Vecchio é psicóloga clínica e especialista em desenvolvimento humano. Parceira da Vidalink no pilar Mind, ela também assegura a grande importância da saúde mental fazendo parte do plano de bem-estar corporativo para uma melhor qualidade de vida das pessoas.
“Há uma pressão muito grande nas empresas por produtividade. Os resultados têm que aparecer muito mais rápido do que antes. Para o próprio colaborador, o seu emprego também é fluído, ou seja, a estabilidade não é a mesma que foi um dia.”
A psicóloga relata que hoje em dia é muito comum ficar dois ou três anos numa mesma empresa. Isso em todos os níveis, dos analistas, passando pelos supervisores e coordenadores até gerências.
“Tudo isso gera estresse, incertezas e questionamentos do tipo: Quanto estou produtivo? O quanto estou motivado? Como vem sendo minha entrega? O que me motivação hoje? Antes, os funcionários tinham como objetivo maior poder pagar as contas da família, sustentando filhos. Hoje, o propósito de cada um tende a ser muito mais amplo”, complementa Luciane.
E você? Já ouviu falar no gestor da felicidade? Nova posição ajuda a promover bem-estar entre os colaboradores. Entenda!
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