Falar sobre saúde mental no ambiente de trabalho ainda é um tabu e, por consequência, um dos maiores desafios enfrentados pelos RHs, que precisam conquistar a confiança do colaborador para que ele se sinta à vontade para debater abertamente o assunto e compartilhar o que lhe aflige.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) já havia estimado que a depressão seria uma das doenças mais incapacitantes de 2020. Já a ansiedade, colocou o Brasil em primeiro lugar no ranking dos países mais ansiosos do mundo, afetando 9,3% da população (cerca de 18,6 milhões de brasileiros).
Dados como esses explicam por que, cada dia mais, aumenta o número de afastamentos do trabalho para o tratamento de problemas relacionados à saúde mental. Mas o que as empresas devem fazer em prol dos funcionários diante deste cenário? É o que vamos esclarecer agora!
O estigma da saúde mental nas empresas
Ainda que esteja cada vez mais em pauta, sobretudo por conta dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, falar sobre saúde mental, principalmente no ambiente corporativo, ainda é um estigma.
Uma pesquisa feita pela Mind, instituição britânica que presta atendimentos nessa área, apontou que 90% dos profissionais que perdem um dia de trabalho por quadros de estresse não mencionam às chefias e colegas o real motivo. Como justificativa, preferem utilizar problemas físicos, como dores de cabeça e outros que, aparentemente, são mais bem aceitos.
Em entrevista exclusiva ao nosso blog, Alexandre Slivnik, escritor, palestrante e vice-presidente da ABTD – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento, analisou as barreiras que impedem a devida abordagem ao tema.
“É uma questão de mindset, mas entendo que essa percepção esteja mudando. Com o passar dos anos, as empresas estão observando que é preciso cuidar do seu colaborador de forma holística. A saúde mental é fundamental para que os profissionais tragam resultados. Porém, por mais que já possamos observar esse processo de mudança, muitos líderes ainda têm aquela velha crença de que as empresas foram feitas única e exclusivamente para que os colaboradores deem o melhor de si. No entanto, o que muitos não percebem, infelizmente, é que o trabalhador com a saúde mental debilitada terá uma produtividade muito abaixo do seu potencial.”
O que fazer para conquistar a confiança do colaborador para falar sobre saúde mental?
Diante de tudo isso, fica ainda mais clara a importância de conquistar a confiança do colaborador para que ele procure líderes ou o RH para falar sobre os problemas que comprometem sua saúde mental.
“Dentro das organizações, o RH é o grande guardião da cultura corporativa. Qualquer relação no ambiente de trabalho deve ser pautada na verdade e no respeito entre as pessoas. Sendo assim, esse departamento precisa promover um ambiente de confiança, estimulando que os colaboradores deem suas opiniões a todo o momento. O RH deve ainda trabalhar diretamente com a liderança, pois um funcionário apenas falará sobre questões pessoais se o líder der liberdade para isso e ouvir atenciosamente o que está sendo exposto. Caso contrário, pode inibir que o profissional traga suas percepções”, indica.
E quais ações podem ser tomadas para ganhar a confiança do colaborador? Slivnik dá algumas dicas. Confira!
Crie um ambiente de cuidado
A ideia é cuidar do trabalhador para que ele aprenda a se cuidar e, consequentemente, esteja bem para cuidar de si próprio e dos interesses da empresa.
Ofereça eventos e ações voltados para a saúde mental
Aqui, a proposta é dar ao funcionário informações e orientações sobre o tema, abordando os principais sintomas e o que pode ser feito para reverter o quadro.
“Um colaborador que está bem com a sua família em casa também estará bem com seus colegas na empresa”, reforça Slivnik.
Incentive e reconheça o autocuidado
Outra maneira de conquistar a confiança do colaborador para falar sobre a sua condição psicológica é estimulando e reconhecendo o esforço daqueles que já estão cuidando da sua saúde mental.
“Esse reconhecimento fará com que outros funcionários queiram seguir os passos daqueles que já acharam o caminho para uma mente mais saudável.”
Analise a cultura da organização
Fazer um levantamento de quais costumes e políticas podem estar levando os colaboradores a desenvolverem transtornos mentais ajuda a identificar as possíveis causas e encontrar uma solução para o problema. Além disso, demonstra preocupação com a saúde e o bem-estar dos profissionais.
Veja como o tema está sendo abordado
Um dos motivos que fazem com que as empresas percam a confiança do colaborador quando o assunto é saúde mental é o preconceito que envolve o tema.
Por isso, é importante que o RH verifique a fundo como a questão está sendo abordada por eles mesmos, pelos líderes e pelos outros trabalhadores.
A ideia é incentivar diálogos abertos e saudáveis, bem como evitar bullying ou algum tipo de assédio, comportamentos que podem inibir o profissional que esteja passando pelo problema e até mesmo comprometer seu tratamento.
Treine as lideranças
É fundamental também que o RH treine as lideranças para que elas saibam como agir diante de problemas relacionados à saúde mental.
Considerando que as chefias imediatas são, na maioria das vezes, as primeiras a perceberem mudanças de comportamento, ou a receberem algum pedido de ajuda, a confiança do colaborador só será conquistada se esse contato passar segurança e for feito com muito respeito e compreensão.
Como agir quando há indícios de que algo não vai bem com a saúde mental do colaborador?
De acordo com o vice-presidente da ABTD – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento, muitas empresas já perceberam que, para darem certo, é essencial olhar o colaborador de maneira humanizada. Isso ajuda a promover qualidade de vida dos profissionais e a trazer mais resultados para o negócio.
No entanto, não é raro o RH se deparar com quadros já confirmados de ansiedade, burnout e depressão. Quando isso acontece, qual seria a melhor forma de agir?
“É preciso cuidar genuinamente do colaborador, contando com algumas etapas importantes nesse processo, que são o apoio da liderança em um primeiro momento e o apoio de um profissional da área, como psicólogo ou psiquiatra. E quando necessário, vale promover o afastamento das atividades, mantendo o acompanhamento dos profissionais da empresa, que é muito importante para que o funcionário se sinta cuidado”, sugere.
Conte com a Vida, wellbot de bem-estar da Vidalink
A Vida é o wellbot (robô virtual) de bem-estar da Vidalink criado para promover a mudança de hábitos e o fortalecimento emocional dos profissionais dentro e fora do ambiente de trabalho por meio de trilhas de conteúdo criadas com exclusividade por especialistas em desenvolvimento comportamental (médicos, psicólogos, nutricionistas, educadores físicos e coaches).
Justamente por isso, ela consegue falar sobre saúde mental com o usuário driblando o estigma tradicional que envolve quadros de ansiedade e depressão e identificando antecipadamente comportamentos que indicam problemas relacionados à saúde emocional. Ela também dá suporte às pessoas com quadros diagnosticados, com informações sobre possíveis efeitos colaterais, terapias complementares e riscos de abandono do tratamento, além de lembretes de recompra da medicação, entre outras ações. Confira os detalhes no vídeo https://bit.ly/3bOhhqi.
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